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Brasil 03/12/2021

Com recorde de famílias endividadas, 13° deve ser usado para sair do vermelho

Com recorde de famílias endividadas, 13° deve ser usado para sair do vermelho
Na última terça-feira (30), terminou o prazo para que as empresas depositem a primeira parcela do 13° salário. Instituído em 1965, o pagamento é considerado uma importante conquista para o trabalhador brasileiro, que tem um reconhecimento sobre as semanas trabalhadas, ao final do ano. A segunda parcela ainda deve ser depositada, com prazo até o […]

Na última terça-feira (30), terminou o prazo para que as empresas depositem a primeira parcela do 13° salário. Instituído em 1965, o pagamento é considerado uma importante conquista para o trabalhador brasileiro, que tem um reconhecimento sobre as semanas trabalhadas, ao final do ano. A segunda parcela ainda deve ser depositada, com prazo até o dia 20 de dezembro.

“Muitas pessoas estão recebendo nesta semana o 13° salário e a grande maioria não sabe que esse benefício é uma conquista dos trabalhadores. Em 1962, uma greve geral de oito dias foi essencial para que o governo de João Goulart assinasse a lei, garantindo a obrigatoriedade desse pagamento”, comenta Claudio Prado, secretário estadual de Trabalho e Renda do Solidariedade (SP).

Neste ano, o Brasil seguiu atravessando uma grave crise econômica, batendo recordes de desemprego e inflação. A situação do país abre uma discussão acerca de como os trabalhadores e trabalhadoras irão utilizar o benefício.

O ideal seria que o direito pudesse ser utilizado para melhorar a qualidade de vida das pessoas, garantindo mais tranquilidade nas comemorações de final de ano e dinamizando a economia, uma vez que mais dinheiro passa a ser injetado nos setores de compras e serviços.

“Se tivéssemos uma situação de pleno emprego e uma economia estável, o recurso do 13° seria essencial para aquecer a economia”, opina Claudio Prado.

Porém, o que se percebe é que diante da grave crise econômica e da omissão do governo federal, a população é obrigada a utilizar o benefício para acertar as contas.

Um levantamento feito pela Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) foi divulgado essa semana pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e apontou que o percentual de famílias brasileiras com dívidas em atraso chegou a 74,6% em outubro deste ano, registrando o maior patamar da história da pesquisa, que começou em janeiro de 2010.

“Os brasileiros estão tão endividados que o 13º se tornou uma tábua de salvação para pagar os débitos. A gratificação extra é um direito trabalhista conquistado na década de 1960 e era motivo de alegria para os trabalhadores com carteira assinada. Porém, ultimamente, é triste a situação a que o país chegou. Com inflação alta e desemprego, o 13º que antes era um dinheiro que servia para dinamizar a economia, agora serve apenas para tirar as contas do vermelho”, diz Paulinho da Força, deputado federal (SP) e presidente nacional do Solidariedade.

A Peic analisa diferentes meios em que essas famílias se endividaram, como cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro ou de casa.

Desde o início do ano, o índice da Peic teve aumento em todos os meses, o crescimento constante é um reflexo do contexto em que se dá esses endividamentos. A população brasileira vem enfrentando dificuldades para se manter.

A alta da inflação e a disparada da taxa de juros, alinhadas  ao aumento dos preços de alimentos, transportes e energia são alguns dos exemplos que vêm dificultando a vida da população brasileira, que cada vez tem mais dificuldade para ter acesso ao básico.

“Estamos com uma inflação que já atinge dois dígitos e afeta principalmente os mais pobres. A economia estagnada e um governo que não tem plano de recuperação faz com que o uso do 13° salário seja corrompido, para pagamento de dívidas e garantia do básico” Claudio Prado. 

É urgente que a população receba uma assistência adequada por parte do governo federal, uma intervenção na economia e um planejamento que possa fazer o Brasil voltar a crescer, retomando empregos e trazendo de volta a dignidade do trabalhador.

Com informações de: G1