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Prevent Senior entra na mira da PF após negociação irregular de vacinas e mortes de pacientes por Cloroquina.
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid recebeu um dossiê elaborado por médicos e ex-médicos da empresa Prevent Senior. O documento faz uma série de denúncias sobre irregularidades cometidas no tratamento a pacientes durante a pandemia de Covid-19, a previsão era de que o diretor da Prevent ia à Comissão no dia 16, mas o mesmo não compareceu.
De acordo com as denúncias apontadas no dossiê, a Prevent Senior omitiu mortes durante realização de um estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada a azitromicina, para tratar a Covid-19. A orientação do diretor da Prevent aos médicos era a de que os pacientes e familiares não deveriam ser avisados sobre o uso da medicação.
Durante o estudo, os pacientes foram divididos em grupos daqueles que tomaram a combinação dos medicamentos e aqueles que não tomaram. De nove mortes, seis foram registradas no primeiro grupo, praticamente o dobro.
No dia 18 de abril, o presidente Jair Bolsonaro fez uma postagem em seu Twitter comemorando os primeiros resultados do estudo. O dossiê também informa que a disseminação da cloroquina veio a partir de um acordo firmado entre o governo federal e a Prevent Senior.
A CPI da Covid ouviu também nessa semana dois depoimentos. Um deles foi o do advogado Marcos Tolentino, suspeito de ser o sócio oculto do FIB Bank – empresa que ofereceu suporte financeiro para que o contrato da vacina indiana Covaxin fosse fechado entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos. A suspeita da Comissão é de que houve irregularidades na compra da vacina.
O contrato para compra foi posteriormente cancelado pelo governo, mas previa um gasto de R$1,61 bilhão para a compra da Covaxin, num negócio que seria firmado entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, a representante do laboratório indiano no Brasil. A garantia financeira foi oferecida pelo FIB Bank em 5% do valor – ou seja, R$7 milhões.
A suspeita dos Senadores é de que há uma fraude nessa garantia e de que Marcos Tolentino, seria um sócio oculto – o responsável pelas negociações e pelo aporte financeiro, mas que não aparece no quadro societário da empresa. Durante o depoimento, Marcos negou ter qualquer participação na empresa, mas admitiu ser dono de outra companhia que, segundo a CPI, recebeu recursos do FIB Bank, também disse ter relações de amizade com Ricardo Barros, líder do governo na Câmara e investigado pela CPI por sua atuação em contratos firmados pelo Ministério da Saúde.
Na quarta-feira, dia 15 de setembro, a CPI ouviu o depoimento do lobista Marconny Albernaz de Faria, cujo nome chegou ao radar da CPI após a CGU (Controladoria-Geral da União) ter apontado que houve interferência direta do lobista em um chamamento público, do Ministério da Saúde, para contratação de 12 milhões de testes de Covid-19. Sua interferência teve ajuda de Roberto Dias e buscou beneficiar a Precisa Medicamentos.
No requerimento que convocou Marconny, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, alega que as mensagens reforçam as suspeitas sobre a atuação de Roberto Dias no Ministério da Saúde. “Elas deixam claro existir de fato um mercado interno na pasta que busca facilitar compras públicas e beneficiar empresas, assim como o poder de influência da empresa Precisa Medicamentos antes da negociação da vacina Covaxin”, justifica. As mensagens foram obtidas após o celular de Marconny ser apreendido em uma ação do Ministério Público Federal. Seu depoimento à CPI foi considerado evasivo pelos senadores, alegando esquecimentos em muitas oportunidades e usando o direito ao silêncio obtido em habeas corpus do (STF) Supremo Tribunal Federal.