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Para acessar internet pública, Bolsonaro exige que alunos assistam vídeos de propaganda de seu governo
O programa Conecta Brasil, do Ministério das Comunicações, oferece internet pública e gratuita para alunos da rede pública. Porém, o governo Bolsonaro exige que para ter acesso a rede os alunos e moradores assistam a um vídeo de propaganda de políticas feitas pela sua gestão. A reportagem foi publicada nesta segunda-feira (27/09) pelo O Estado de S.Paulo, sobre a cidade de Santa Filomena, interior do Piauí.
As regiões Norte e Nordeste são onde estão as principais carências de internet, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estática), na rede pública de ensino dessas regiões, apenas 68,4% e 77,0% dos alunos, respectivamente, tinham acesso à internet. O programa Conecta Brasil é oferecido pelo governo e no ano de 2020 teve um custo previsto de 2,7 bilhões.
As publicidades do governo são colocadas como forma de condição para que o beneficiário possa utilizar a internet banda larga promovida pelo ministério, o único aplicativo que não exibe o vídeo é o WhatsApp. Ao acessar a internet cinco vezes, o aluno receberá o vídeo obrigatório cinco vezes, além de que em caso de desconexão o vídeo também é exibido novamente.
Chama a atenção que os vídeos obrigatórios foram localizados nas duas regiões mais importantes para o Bolsonaro nas próximas eleições, o Norte do país foi decisivo para sua vitória em 2018 e o Nordeste segue sendo a região onde o presidente enfrenta sua maior rejeição.
Ainda de acordo com a reportagem, em 20 de maio deste ano, o ministro das Comunicações Fábio Faria foi à cidade de Santa Filomena (PI) acompanhado do vereador e filho do presidente, Carlos Bolsonaro. O motivo da visita foi justamente a instalação do sinal público de wi-fi, e os dois aproveitaram a ocasião para fazer discursos com críticas à mídia tradicional e afirmaram que o novo sinal de banda larga traria uma oposição.
A estratégia que levou Bolsonaro à presidência foi justamente utilizar-se da internet para repercutir aquilo que sua base acredita, até um processo de inquérito foi aberto no STF, investigando a possibilidade de compartilhamento intencional de fake news durante sua campanha.
Procurado pela reportagem do O Estado de S. Paulo, o Ministério das Comunicações informou que: “A veiculação de vídeos institucionais está prevista no projeto básico da implantação de pontos de acesso gratuito à internet em localidades públicas, pelo programa Wi-Fi Brasil”.
Informações: Estadão