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Mil dias do rompimento da barragem: Câmara homenageia vítimas de Brumadinho
A Câmara dos Deputados promoveu, nesta sexta-feira (29), uma sessão solene em homenagem às vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que completou mil dias esta semana. No evento, parlamentares e convidados, como o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), lembraram os 272 mortos, a incessante busca pelos oito corpos ainda não encontrados e a impunidade dos responsáveis pelo desastre.
A tragédia aconteceu no dia 25 de janeiro de 2019, quando a barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, se rompeu, espalhando lama na região. Além das mortes, centenas de pessoas ficaram desabrigadas e a cidade sente os impactos do ocorrido até hoje. “Desde aquele dia um mar de lama assola a vida dos familiares das 272 vítimas assassinadas, cada dia foi vivido e ainda continua sendo vivido de forma traumática, vivemos um pesadelo diário, estamos presos nessa tragédia-crime que nos consome e nos mata um pouquinho a cada dia”, relatou na sessão a presidente da Associação de Familiares de Vítimas, Alexandra Costa.
Ela destacou que a demora para resolução das investigações aumenta ainda mais a dor de quem perdeu um parente soterrado naquele dia. Mesmo após tanto tempo, os responsáveis pelo desastre ainda não foram punidos – as acusações recaem principalmente sobre a mineradora Vale. “Eles negociaram as vidas dos nossos entes queridos quando resolveram negociar a compra e venda do laudo de estabilidade da barragem, que não se rompe da noite para o dia e eles não fizeram nada para tirar a comunidade da zona quente”, criticou Alexandra.
No último dia 21, data em que a tragédia completou mil dias, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a Justiça de Minas Gerais, que cuidava do caso, não tem competência para analisá-lo. Dessa forma, a acusação apresentada pelo Ministério Público do estado contra 16 pessoas, que responderiam por homicídio doloso, foi anulada e o processo terá que recomeçar na esfera federal. “Não tem como alguém falar que foi só uma tragédia, porque eu não consigo encontrar em nenhum dicionário qualquer outro significado para o ocorrido que não seja um crime, o mais bárbaro que eu já pude presenciar nos meus quase 60 anos de vida”, lamentou o deputado Zé Silva.
Ações posteriores
O parlamentar do Solidariedade foi o coordenador da comissão externa da Câmara que acompanhou as investigações sobre o rompimento da barragem de Brumadinho. Na sessão solene, ele lembrou que o colegiado apresentou nove propostas para evitar que ocorressem casos semelhantes, dos quais seis já passaram pelos deputados e aguarda apreciação do Senado. “Entre outros itens, trata-se de uma nova legislação para uma mineração sustentável e responsável, porque ela não pode ser uma ameaça à vida e nem ao meio ambiente”, reforçou o deputado mineiro.
Ele conclamou os demais presentes na sessão solene a fazerem um balanço sobre encaminhamentos das ações da Câmara a respeito da tragédia. “Deixo aqui minha tristeza pelas vidas perdidas, que vida não tem preço, mas ao mesmo tempo seguimos com muito mais força para não baixarmos a guarda até ver os responsáveis sendo punidos e que nunca mais um desastre como o de Brumadinho aconteça”, finalizou.