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Economia brasileira pós-Covid-19
A retomada econômica e a geração de emprego no pós-pandemia são temas de diversas discussões em todo o país e tem tirado o sono de muitos economistas, empresários e políticos desde o início da crise. Conversamos com algumas lideranças do Solidariedade e questionamos sobre os principais desafios, ambiente favorável e políticas públicas para que a economia volte a crescer, acompanhe:
Depois de inúmeros impactos registrados como consequência do enfrentamento da Covid-19 em todo o mundo, uma luz no fim do túnel se acendeu mostrando que há esperança na recuperação econômica pós-pandemia. Esse processo de retomada é vagaroso e já traz inúmeras consequências, no entanto, com a expansão da vacinação e o número decrescente de mortes e internações é possível que com muito trabalho o país vença mais essa crise.
Para Augusto Coutinho, deputado federal (PE) e titular da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços do Solidariedade na Câmara, a pandemia trouxe ao Congresso Nacional enormes desafios e exigiu ações rápidas e efetivas. “Nesse cenário de recuperação econômica nós precisamos trabalhar juntos, unir forças ao governo, independentemente de bandeira partidária ou ideológica. Precisamos focar em uma agenda estruturante e propulsora da retomada econômica”, ressalta. Ele ainda diz ser preciso enfrentar pautas de interesse público, como Reforma Tributária, Reforma Administrativa e Auxílio Brasil, no intuito de debater, analisar e defender o que for melhor para o nosso país.
Já para o economista e secretário-executivo do Solidariedade (SP), o principal desafio para a retomada econômica brasileira é a efetiva geração de emprego e renda. “É preciso que as pessoas estejam empregadas e tenham fé de que este momento sombrio vai passar, assim elas voltam a consumir, o comércio volta a vender, a indústria aumenta sua produção e as fábricas voltam a contratar, afinal, tudo faz parte de uma grande cadeia”, comenta.
Ambiente favorável
De acordo com dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), o Brasil perdeu quase 600 mil empregadores durante esses quase dois anos de pandemia. Inúmeras empresas foram obrigadas a interromper seu funcionamento fazendo com que milhares de empregos fossem perdidos ou ameaçados, afinal, quando uma empresa fecha as portas, a renda do chefe e dos trabalhadores é colocada em risco.
Nepomuceno diz ser necessária a troca da Presidência da República para que a retomada da economia aconteça e o país volte a se desenvolver. Interrogado, Bosco Saraiva, deputado federal e presidente do Solidariedade (AM), acredita que para o país voltar ‘no mínimo’ ao patamar econômico que estava antes da pandemia é preciso investir de modo maciço na construção civil. “O Estado precisa retomar a construção de casas populares que é um fator gerador de empregos imediatos e que alcança a base do trabalhador, assim como a abertura de comércios localizados nas proximidades dos canteiros de obras”, afirma.
Já Coutinho diz que o controle da pandemia e o avanço da vacinação são fatores determinantes e favoráveis para a retomada econômica. “O brasileiro tem contribuído muito com a campanha de vacinação, nós temos um histórico importante de aceitação desse tipo de política de saúde pública. Sabendo disso, o retorno do desenvolvimento econômico pode estar bem próximo”, comenta.
Políticas Públicas
A adoção de políticas públicas econômicas regula a racionalização gradual da econômica para que os agentes econômicos (públicos e privados) atuem em favor do interesse social, mas em “harmonia” com seus interesses privados, isto é, sem alteração legal do sistema de apropriação de riquezas.
Para Coutinho, o Estado precisa fazer sua parte controlando a inflação e garantindo um ambiente favorável à geração de empregos, de modo a criar condições de investimento para empreendedores e empresários. “Em Pernambuco, por exemplo, o governador Paulo Câmara criou o Plano Retomada, com investimento público na ordem de R$ 5 bilhões, com perspectiva de criação de 130 mil novos empregos. O Plano envolve desde linha de crédito por parte da AGE (Agência de Empreendedorismo de Pernambuco), benefícios, desburocratização de licenciamentos para investimentos privados e lançamento de obras públicas. Essa é uma lição de Pernambuco que pode servir como um exemplo nacional”, enfatiza.
Recuperação econômica
Perdemos muito nos últimos tempos, no entanto, de acordo com dados da SPE (Secretaria de Política Econômica), divulgados pela Agência Brasil em setembro/21, a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) deverá ser aumentada em 5,3% em 2021 e 2,5% em 2022. As projeções se fundamentam na recuperação da crise causada pela pandemia, o que possibilita aumento do investimento privado, consolidação fiscal, taxa de poupança mais elevada, reformas econômicas, retomada do setor de serviços e do mercado de trabalho informal.
“O Brasil já está dando sinais de recuperação econômica. Por exemplo, o PIB registrou alta de 1,2% no primeiro trimestre de 2021 em comparação com os três últimos meses do ano passado. Segundo dados do IBGE, esse número representa que a economia voltou ao nível anterior à pandemia”, afirma Coutinho. São números positivos, mas que ainda precisam ser avaliados com muita cautela com o encerramento deste ano. “A economia foi bastante prejudicada com a pandemia, mas com o compromisso do nosso empresariado, do nosso governo, da classe política de modo geral e a força de trabalho do nosso povo, vamos superar mais esse desafio”, diz.
Para Nepomuceno, a recuperação econômica deve acontecer em 2024, um ano após a possível saída do presidente Bolsonaro, que vem prejudicando a economia e o bom funcionamento do Brasil desde a sua chegada no governo, em 2019.
Novo normal
Desde o início da pandemia, cidadãos de todo o mundo se sentiram inseguros, seja pelo medo de contrair o vírus, seja pelo número exorbitante de mortes, dos noticiários da tv e até mesmo pela insegurança de vivenciar o “desconhecido”. Tivemos uma grande ruptura no ritmo tradicional de trabalho e tivemos que nos adaptar e nos ajustar à essas mudanças repentinas, com isso, muitas lições foram tiradas neste período.
“A chegada do coronavírus nos mostrou a importância do nosso SUS (Sistema Único de Saúde), que apesar das dificuldades conhecidas, conseguiu atender a nossa população em um momento tão delicado. Para economia, fica o aprendizado da cultura digital, dos negócios se expandirem para aplicativos e sites e os ambientes de trabalho que ficaram mais flexíveis com a cultura do home office”, enfatiza Coutinho.
Já do ponto de vista de Nepomuceno, a pandemia ensinou que devemos ter empatia uns pelos outros, afinal, o vírus atingiu ricos e pobres, brancos e negros, direita e esquerda, nós e eles. “Neste pós-pandemia o que precisamos é de mais amor, empatia e pararmos de vez com este separativismo”, finaliza.