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O futuro já se faz presente no Brasil de 2023
Olhar o passado deve ser apenas um meio para entender mais claramente o quê e quem somos nós, para construir o futuro de forma mais inteligente. Com a bússola da sensatez que sempre guiou o seu pensamento, Paulo Freire inspira a trajetória que o Brasil deve seguir em 2023. Uma jornada de aprendizado e reconstrução, pavimentada com muita sabedoria, para que a esperança se torne realidade, com comida no prato, retomada de empregos, saúde, educação, cuidados com a população mais vulnerável, aposentadoria digna e proteção ao meio ambiente.
O atentado contra a democracia no 8 de janeiro adicionou pedras ao caminho já cheio de fissuras por onde a sombra do fascismo voltou a penetrar no país. Ainda que sem baixar a guarda e sem anistia para o golpismo e o terrorismo, será preciso reforçar com habilidade as costuras institucionais para “sacudir a poeira autoritária”, reduzir o tensionamento e frear as violências simbólicas e tangíveis incentivadas e praticadas nos últimos quatro anos.
Para alinhavar a estabilidade necessária à recuperação do Brasil, teremos que olhar muito mais atrás, como nos sugere Freire, buscando compreender, desde o pós-ditadura, os pontos frouxos que fizeram a trama do nosso tecido sociopolítico esgarçar-se de forma quase irrecuperável.
O momento pede coragem e habilidade. Pede também harmonia entre os Poderes da República, união já demonstrada na reação à tentativa frustrada de golpe, quando os seus respectivos representantes desceram a rampa do Planalto de braços dados em defesa da ordem democrática. Eles representavam os anseios da maioria do povo brasileiro, que uma semana antes subia a mesma rampa para entregar a faixa presidencial ao mandatário legitimamente referendado pelas urnas.
Era a celebração coletiva de um tempo que se inaugurou fundado na diversidade de um Brasil único. O futuro já se faz presente em 2023.