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Emprego, Trabalho e Renda 03/06/2025

Os desafios do retorno ao trabalho presencial: uma realidade que não pode ser ignorada

Alexandre Pereira
Alexandre Pereira
Presidente estadual do Solidariedade (SP)
Os desafios do retorno ao trabalho presencial: uma realidade que não pode ser ignorada
Imagem reprodução: O Amarelinho

O retorno ao trabalho presencial, após um longo período de home office imposto pela pandemia, tem revelado uma série de desafios para os trabalhadores. A promessa de retomada da “normalidade” esbarra em questões práticas e emocionais que afetam diretamente a qualidade de vida e a produtividade das pessoas. Dados recentes revelam o impacto concreto dessa transição: 15,7% dos trabalhadores citaram a falta de flexibilidade da jornada como um dos principais obstáculos, 21,7% apontaram a dificuldade de mobilidade entre casa e trabalho, e 9,1% destacaram a necessidade de cuidar de crianças ou familiares como um fator que dificulta o retorno ao modelo presencial.
Esses números não são apenas estatísticas; eles refletem a complexidade das vidas reais. A flexibilidade que o home office proporcionou, com maior autonomia sobre o tempo, mais presença na vida familiar e redução do estresse causado pelo deslocamento, agora entra em choque com modelos de trabalho rígidos e desatualizados. A mobilidade urbana precária nas grandes cidades, somada ao aumento do custo de vida e do transporte, impõe barreiras logísticas que comprometem o bem-estar dos trabalhadores.
Além disso, a responsabilidade com o cuidado de filhos, idosos ou pessoas com necessidades especiais se tornou mais evidente durante o trabalho remoto. Muitas famílias reorganizaram suas rotinas e agora enfrentam a dificuldade de conciliar essa nova dinâmica com o retorno integral ao escritório.
O que os dados apontam é claro: o trabalho presencial, da forma como era praticado antes da pandemia, não atende mais às necessidades da maioria. É hora de repensar os modelos de gestão, valorizando formatos híbridos e mais humanos, que considerem as múltiplas dimensões da vida de cada trabalhador. Ignorar isso não é apenas uma questão de ineficiência, mas de insensibilidade com a realidade de milhões de pessoas. O futuro do trabalho precisa ser mais flexível, inclusivo e, sobretudo, empático.