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Pessoas com Deficiência 18/06/2022

Autismo e inclusão no mercado de trabalho

Ana Maria Rangel
Ana Maria Rangel
Assitente Social e mãe de autista severo
Autismo e inclusão no mercado de trabalho
Foto: iStock

A garantia legal da inclusão dos autistas no mercado de trabalho é garantida através de Lei 12.764/2012, também conhecida como Lei Berenice Piana, que apesar do seu pioneirismo em garantir a inclusão dos autistas, ainda está longe de ser efetivada enquanto garantia plena a este direito.

Cabe ressaltar, que segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 85% dos autistas estão excluídos do mercado de trabalho, o que, apesar do imenso desemprego que assola o país, asseverado pelos efeitos da pandemia, é um indicador importante do quanto ainda é desafiador este tema.

Para além de superar o capacitismo, é preciso compreender o autista enquanto um sujeito de direitos e também de potencialidades nas mais diversas áreas do conhecimento, e que se este obtiver uma oportunidade, pode desenvolver estas capacidades e contribuir de forma ativa nas atividades de trabalho.

Muitas empresas apresentam resistências a estas contratações pela dificuldade de lidar com as especificidades deste universo e por temer questões relacionadas ao universo comportamental, as quais muitas vezes, não condizem com a realidade.

Existem muitos autistas bem-sucedidos no universo de trabalho, Bill Gates, fundador da Microsoft, Anthony Hopkins, ator americano e vencedor de Oscar, João Vitor Silva, brasileiro e campeão mundial de Judô para pessoas com deficiência intelectual, dentre tantos outros.

No universo dos anônimos, existem também muitos autistas que conseguem prover o seu sustento e de suas famílias, (sim, muitos constituem família), por meio de seu trabalho, o que nos desafia a compreender este universo tão cheio de diferenças e nuances.

Óbvio que também existem autistas com limitações severas, mas até mesmo o que enfrentam maiores dificuldades, também possuem potencialidades, as quais devem ser estimuladas para que obtenham o máximo de independência e de qualidade de vida.

Precisamos tratar das diferenças com muita seriedade, bem como fomentar um debate de implementação de inclusão plena, respeitando as singularidades de todos os sujeitos sociais, que não podem ser taxados ou incapacitados a exclusivamente um diagnóstico.

O universo do autismo tem muitas nuances, muitas descobertas por vir, muitas singularidades, não existe receita, cada autista é singular, e por isso, precisa de olhar que o estimule a desenvolver de forma plena suas potencialidades.

A garantia efetiva da inclusão tem que ser condição de cidadania, tem que ser pauta constante nos fóruns de discussão e de garantia de direitos.

Precisamos avançar e muito neste segmento, precisamos aprender a conviver e a aceitar as diferenças, a criar oportunidades para todos e construir de fato pontes através de políticas públicas que atendam as dificuldades apresentadas pelos portadores TEA (transtorno do espectro autista), lhes criando um ambiente facilitador e acolhedor.

O autista não é um ser exótico ou de outro mundo, ele é do meu, do seu do nosso mundo, e tem direitos que precisam ser garantidos e respeitados.

Trabalho é dignidade e deve ser garantido e oportunizado para todos, e vencer o preconceito talvez seja o maior de todos os desafios.

Existem muitas experiências exitosas na contratação de autistas, a Fundação Itaú é uma delas, que soube potencializar capacidades através de acolhimento biopsicossocial. Vale ressaltar que muitos autistas estão chegando também as universidades. Está na hora de pensarmos fora da caixa.

Referências: Blog Itaú Social / IBGE