De acordo com pesquisa realizada com 1.200 brasileiros, pelo centro de estudos Sou Ciência, sediado na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e o Instituto de Pesquisa Ideia Big Data, constatou-se que 45,9 % dos participantes acreditam que as vacinas contra a Covid-19 devem ser obrigatórias, enquanto 46,8% dos entrevistados, pensam exatamente o contrário. Obrigatória ou não, a questão é que a desinformação em relação à vacina, tem gerado atraso e regresso no sistema vacinal contra a Covid-19.
Segundo dados da RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde), divulgados em janeiro de 2023, cerca de 69 milhões de brasileiros estão com a primeira dose de reforço da vacina atrasada (terceira dose), mais de 30 milhões não tomaram o segundo reforço vacinal (quarta dose) e ainda 19 milhões não procuraram os postos de vacina para aplicarem a segunda dose do esquema primário (segunda dose).
As argumentações em relação ao não comparecimento para as doses vacinais são diversas, desde a desconfiança dos imunizantes (apesar das evidências científicas), recessão econômica, esquecimento e despreocupação com o vírus por “achar” que o período eminente já passou (sem se dar conta que o pior cenário da Covid-19 teve fim, justamente, por conta do esquema vacinal). Além disso, diversas outras vacinas, oferecidas gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) sofreram diminuição na procura.
O constante descontentamento e desaprovação do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação a eficácia das vacinas contra a Covid-19 foi um dos pivôs para que milhares de pessoas não quisessem ser imunizadas, e como consequência, milhões delas vieram à óbito. “não há comprovação cientifica com essa vacina aí”, declarou Bolsonaro à época – se referindo à CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan.
Nenhuma vacina no mundo tem eficácia comprovada em 100% e todas elas podem apresentar reações adversas, como febre, náuseas, vômitos e diversos outros sintomas, no entanto, todas as vacinas devem ser aprovação pela OMS (Organização Mundial de Saúde), assim como aconteceu com a CoronaVac, que só passou a ser distribuída depois do aval da Organização, o que torna infundada a fala de Bolsonaro.
“As falas inconsequentes do ex-presidente em relação as vacinas, foi um grande pivô para a regressão do sistema vacinal e colocou ainda mais em risco a saúde dos brasileiros, pois por meio de falas inconsistentes, milhões de brasileiros deixaram de se vacinar contra a Covid-19 e diversas outras doenças, além de ter havido diminuição no esquema vacinal das crianças”, diz o médico sanitarista Diógenes Sandim.
A desinformação é tão grande em relação a vacina, que há quem não aceite receber sangue, por meio de transfusão, por achar que o sangue vacinado passará a “contaminar” com a vacina, aquele que não se vacinou. E não, isso não ocorre! A criação do movimento “sangue puro”, se deu justamente pela desinformação desenfreada.
“O cuidado em relação à vacina contra a Covid-19, deve se dar sobre o tempo entre a vacina recebida e a doação de sangue, que, dependendo do tipo da imunização feita, deve-se esperar de dois a sete dias para que seja efetuada a doação sanguínea”, argumenta Sandim.
Para o médico anestesiologista e vereador do Solidariedade no Rio de Janeiro (RJ), dr. Gilberto, conscientizar a população é a melhor forma de fazer com que as pessoas que se negam a receber a vacina mudem seus pensamentos e opiniões: “criar programas de conscientização com o objetivo de ratificar a necessidade da imunização e informar que, mesmo sem comprovação da total eficácia da vacina, elas minimizaram os efeitos do vírus e também da letalidade pela Covid-19, por isso a importância de estar vacinado”, argumenta.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o PNI (Programa Nacional de Imunizações), oferece anualmente 48 tipos de imunobiológicos – entre vacinas, imunobiológicos especiais, soros e imunoglobinas – sendo 21 vacinas oferecidas às crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes, conforme Calendário Nacional de Vacinação (já incluída a vacina contra a Covid-19).
Vacinar é um ato de amor! Procure o posto de saúde mais próximo de sua residência, leve sua carteirinha de vacinação, a carteirinha do SUS e vacine-se!