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Vacinação 19/10/2023

Seminário sobre vacinação defende combate às fake news como primeira necessidade

Seminário sobre vacinação defende combate às fake news como primeira necessidade
Foto: Bruno Angrisano

A Comissão Especial de Combate ao Câncer da Câmara realizou um seminário sobre a importância da vacinação para pacientes oncológicos e os desafios que a saúde brasileira enfrenta nos últimos anos com a queda dos índices de cobertura vacinal no país.

Hesitação vacinal

O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, o médico Éder Gatti, apresentou os dados da cobertura vacinal brasileira e apontou uma queda dos índices de vacinação no país desde 2016.

Ele argumenta que o fenômeno da hesitação vacinal, ou seja, o medo de que a vacina possa causar prejuízos à saúde de quem toma, tem peso importante na queda de cobertura. Segundo dados do Ministério da Saúde apresentados por Gatti, em 2015, 99% da população brasileira considerava a vacinação essencial para a saúde das crianças. Já em 2022 esse número caiu para 88%. Além disso, um comportamento preocupante tomou corpo: os brasileiros começaram a acreditar que as vacinas não eram compatíveis com suas crenças. Em 2015, 95% dos brasileiros concordavam que as vacinas eram compatíveis com a crença dos brasileiros. Porém, em 2022, esse número caiu para preocupantes 79%.

Gatti ainda apontou que, dos pais que se recusaram a vacinar seus filhos, 25% afirmaram que têm medo das reações que a vacina possa dar, 9% não acredita em vacinas e 9% foram orientados pelos médicos a não vacinar os filhos. Além disso, 5% desses pais admitiram que as redes sociais os convenceram a não vacinar seus filhos.

Fake news criminosas

O especialista reforçou a importância de combater a disseminação de fake news contra a vacinação em redes sociais propagada pelos chamados grupos antivax (contrários à vacinação):

“Uma coisa que é importante termos em mente: alguém pegou um vídeo falso, alguém se deu ao trabalho de sentar na frente de um computador e adulterar o conteúdo de um vídeo. Uma postura criminosa, com o objetivo de mentir e falsear a percepção das pessoas na ponta, sobre as vacinas”, alertou o médico

Gatti ainda lamentou que a vacina contra HPV, essencial para o combate ao câncer de colo de útero, tenha sido alvo de uma ação difamatória dos grupos antivax, o que resultou numa queda pronunciada da imunização de meninas e meninos contra o vírus na rede pública.

Claudia Valente, coordenadora de imunologia do Hospital da Criança de Brasília (DF), concordou com Gatti, e lembrou que as vacinas foram o maior avanço da saúde pública no século XX. Ela ainda reforçou que a campanha de difamação da vacina do HPV acabou sendo um balão de ensaio para um movimento antivax ordenado nas redes sociais que, aliado à pandemia de Covid-19, resultou na maior queda da cobertura vacinal já registrada no país:

“Campanhas de desinformação estão diretamente ligadas a quedas de coberturas vacinais em vários países. São necessárias ações coordenadas para remoção de conteúdos de desinformação antivacina das plataformas digitais. Essa ações são essenciais para combater o crescimento da hesitação vacinal no mundo. É preciso haver punição!”

Prejuízos para os pacientes oncológicos

Lorena Diniz, médica responsável pelo Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais de Goiânia, explicou a importância da imunização vacinal em pacientes imunodeprimidos, como pacientes oncológicos e soropositivos. Ela também alertou que, para esses pacientes, há janelas de tempo para a aplicação dessas vacinas, para que o próprio medicamento não sobrecarregue o sistema imunológico já fragilizado deles. A médica reforçou que a imunização na infância já resolve vários problemas relacionados a esses pacientes, e também condenou os movimentos antivax, que acabam dilapidando tanto a cobertura imunológica individual quanto a da sociedade, permitindo que doenças preveníveis circulem livremente, sem a barreira imposta pelas vacinas.

Para o deputado do Solidariedade Weliton Prado, autor do pedido de realização do seminário, o principal ponto de melhora que o setor precisa, mais que investimento ou pesquisa, é o combate à propagação de fake news originadas de grupos antivax:

“A gente discutiu nesse momento principalmente no que diz respeito às fake news, às mentiras em relação à vacinação, que prejudicou inclusive as campanhas, diminuindo os índices de pessoas imunizadas. Hoje tem a vacina do HPV, que é a cura para muitos tipos de câncer, como o câncer de colo de útero, que é um dos que mais mata as mulheres, e a campanha, realmente, os índices estão muito baixos de vacinação das meninas e dos meninos por causa das fake news”, alertou o parlamentar mineiro.

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Bruno Angrisano / Solidariedade na Câmara