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“Faraó dos Bitcoins” afirma na CPI das Pirâmides Financeiras ter dinheiro para pagar investidores
O “Faraó dos Bitcoins” foi o primeiro depoente a falar na Comissão Parlamentar de Inquérito das Pirâmides Financeiras. Glaidson Acácio dos Santos, proprietário da GAS Consultoria, foi ouvido por videoconferência. Ele está preso na Penitenciária de Catanduvas (PR) por fraude por esquema de pirâmide financeira com criptomoedas.
Glaidson também é suspeito de assassinar empresários concorrentes na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Os bens e contas da GAS estão bloqueados, e a empresa proibida de operar. Apesar disso, ele abriu seu depoimento com uma afirmação ousada:
“Senhor deputado, os clientes da GAS conhecem a idoneidade da GAS Consultoria e conhecem a idoneidade da minha pessoa, e falar disso da GAS é chover no molhado.”
Investimento em criptomoedas na GAS
Os deputados da CPI questionaram o “Faraó dos Bitcoins” sobre como funcionava o investimento em criptomoedas oferecido por sua empresa. Glaidson explicou que os clientes o procuravam para investir em criptoativos e a GAS fazia a intermediação, negociando e gerindo os criptoativos comprados com os recursos dos clientes:
“Os clientes da GAS não faziam investimento em criptoativo. Eles terceirizavam a equipe de traders da GAS. Nosso time de traders tinha os criptoativos e gerenciavam as operações. É diferente de a pessoa comprar o criptoativo. Por isso, na consultoria as pessoas recebiam orientações para elas se libertarem economicamente e andarem com as próprias pernas, não apenas terceirizar o serviço da GAS, mas elas comprarem os bitcoins e guardarem nas suas carteiras para vender em longo prazo.”, afirmou o depoente.
Prejuízo e ressarcimento
Quando questionado sobre os prejuízos que causou às pessoas, Glaidson garantiu na CPI ter o dinheiro para pagar todos os clientes dele:
“Eu vou devolver o dinheiro das pessoas. Nós temos o dinheiro das pessoas. Está bloqueado. Uma parte com a Polícia Federal, que é a grande parte. As outras partes estão nas plataformas. A principal é a Binance. E nós temos os recursos pra pagar as pessoas e nós iremos, senhor deputado, pagar as pessoas.”, assegurou.
Porém, ao ser questionado pelo presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade/RJ) sobre números, Glaidson se recusou a dar essas informações.
Aureo: Qual o número de clientes com que a GAS tem pendências no território brasileiro?
Glaidson: Eu não gostaria de expor a quantidade de clientes pela minha segurança.
Aureo: Qual o volume financeiro que a GAS tem custodiado dos clientes brasileiros?
Glaidson: Eu também não gostaria de responder por minha segurança.
Acesso negado
Glaidson também afirmou que, quando solicitado pela Polícia Federal, se recusou a entregar a senha de acesso à conta de criptoativos que ele diz ter e que poderiam pagar os prejuízos dos clientes da GAS.
Aureo Ribeiro explicou que as investigações da CPI se iniciam de fato com esse depoimento do “Faraó dos Bitcoins” e que, de tudo o que ele declarou, pelo menos surgiu uma notícia potencialmente boa:
“O depoente deixa claro que existe dinheiro para indenizar os investidores. Pessoas que depositaram seus sonhos, venderam casa, carro, saíram do emprego para poder ter a garantia de rendimento de 10%, sustentar sua família e muitas vezes cuidar de um doente da família. Infelizmente pessoas cometeram suicídio por um problema ocasionado por uma pirâmide financeira no Brasil.”, lamentou.
O deputado afirma que há estimativas de que quatro milhões de pessoas caíram em golpes como esses e que esse é um mercado crescente porque tem 10 milhões de brasileiros operando com criptoativos. “A gente está aqui na CPI separando o joio do trigo,” concluiu o parlamentar.
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Bruno Angrisano / Solidariedade na Câmara