Carregando...

Notícias

  • Inicio
  • Noticias
  • Saúde
  • Atendimento mais rápido às mulheres com câncer é debatido na Câmara dos Deputados
Saúde 18/03/2025

Atendimento mais rápido às mulheres com câncer é debatido na Câmara dos Deputados

Atendimento mais rápido às mulheres com câncer é debatido na Câmara dos Deputados
Foto: Bruno Angrisano

O câncer entre as mulheres brasileiras sempre foi um tema sério e preocupante. Mas as estatísticas apuradas nos últimos anos pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram porque a doença precisa ser tratada como prioridade pelo Ministério da Saúde: entre 2023 e 2025, foram diagnosticados no Brasil mais de 70 mil novos casos de câncer de mama, 23 mil de câncer de reto e outros 17 mil novos casos de câncer de colo de útero.

A Comissão Especial de Combate ao Câncer (Ccâncer) da Câmara dos Deputados realizou uma audiência pública para discutir como tornar mais eficiente o tratamento das mulheres que sofrem com a doença. O deputado do Solidariedade Weliton Prado (MG) requereu a audiência para debater com especialistas, representantes do Ministério da Saúde e da Sociedade Civil como agilizar o tratamento das pacientes oncológicas brasileiras.

Cobranças

A presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Angélica Nogueira, apresentou o tamanho do problema: segundo a OMS, anualmente são diagnosticados 20 milhões de novos casos de câncer no mundo, e cerca de metade desses casos são de mulheres, com uma expectativa de aumento de 63% de casos até 2040. No Brasil, cerca de 700 mil casos novos de câncer em mulheres foram diagnosticados em 2024. Nogueira apontou que um dos maiores problemas no tratamento de câncer no Brasil é a subutilização das políticas de saúde brasileiras. Um exemplo é a cobertura mamográfica brasileira: o número de exames realizados é de apenas um terço do planejado pelo Ministério da Saúde.

A oncologista também apontou como outro exemplo de subutilização dos equipamentos de saúde a queda na cobertura vacinal contra HPV:

“A parte mais cara do processo de prevenção de câncer de colo de útero, que é a disponibilização gratuita da vacina, nós conseguimos. Falta a população receber a informação e vacinar as crianças. Mesma coisa com a cobertura mamográfica. As máquinas de mamografia existem, mas os exames não estão sendo realizados. É muito importante que haja investimento em pesquisa e tecnologia de tratamento mas temos que trabalhar para também cumprir o básico de prevenção e tratamento precoce do câncer. Precisamos diminuir a distância entre o tratamento no setor privado e no SUS.”

Joana Jeker, fundadora da Associação das Mulheres Mastectomizadas de Brasília, fez coro com a presidente da SBOC, e apontou um dos principais problemas do tratamento do câncer no SUS, que ela espera ser resolvido pela Política Nacional de Prevenção e Controle ao Câncer:

“Hoje há um vazio assistencial. Falta disponibilização dos medicamentos aprovados. Ainda temos pouca cobertura mamográfica em várias regiões no Brasil e um déficit de equipamentos de radioterapia. Isso porque não falamos da espera excessiva para a primeira consulta com o oncologista: atualmente a média de tempo para diagnóstico definitivo de câncer no SUS é de 180 dias, tempo seis vezes maior que o estabelecido em lei.”

A representante do Instituto Lado a Lado pela Vida, Herika Rodrigues, explicou que a organização trabalha com o Ministério da Saúde para viabilizar a nova Política Nacional de Controle e Prevenção ao Câncer, mas apontou que ainda faltam ser resolvidas duas questões essenciais para implementação completa da Política: regulação e financiamento:

“Hoje temos um novo ministro da saúde que, em seu discurso de posse, enfatizou que o câncer será uma das prioridades do Ministério. Precisamos ficar vigilantes pois de nada adianta todo o esforço que tivemos em se produzir uma lei maravilhosa como a Política Nacional de Controle e Prevenção ao Câncer se as mulheres continuarem sem acesso ao tratamento.”

Resposta

Aline Leal Gonçalves, representante da Coordenação-Geral da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer do Ministério da Saúde, concordou com a urgência em melhorar a qualidade do tratamento do câncer e argumentou que a implementação da Política terá como resultado justamente essa melhora:

“Já estamos dando os primeiros passos para aumentar a eficiência nesses tratamentos: priorizamos o câncer de mama para transição do protocolo de diretriz diagnóstica pra modelo de protocolo de tratamento clínico, pois minimiza as barreiras de acesso e garante que todos os procedimentos necessários oferecidos pelo SUS estejam disponíveis para a mulher que sofre de câncer de mama. Com o câncer de colo de útero estamos seguindo o mesmo caminho.”

Apoio

Weliton Prado apontou que as demandas têm endereço certo para entrega:

“Precisamos pedir o apoio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pra que a gente possa garantir mais recursos para o enfrentamento ao câncer, e rápido. O diagnóstico de câncer é especialmente cruel para as mulheres: a doença é muito agressiva no organismo feminino e a reação de quem está em volta geralmente não é de acolhimento. Enquanto o homem que tem o diagnóstico de câncer, a gente vê a mulher cuidando dele; quando é a mulher quem recebe o diagnóstico de câncer o que a gente vê são muitos casos de abandono pelo parceiro. Precisamos reconhecer isso e cuidar das mulheres. Tempo é vida!”