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Dia Internacional da Igualdade Feminina: luta por acesso a direitos, empoderamento e representatividade
A luta histórica das mulheres pela equidade de direitos e representatividade retrata a desigualdade de gênero que ainda permeia o mundo. A luta é marcada pelo Dia Internacional da Igualdade Feminina em homenagem a aprovação da emenda que garantiu o voto feminino as norte-americanas em 1920.
No Brasil, nossas primeiras conquistas pela equidade de gêneros ocorreram por volta de 1932. Neste ano, as mulheres podiam votar, mas apenas as viúvas com renda própria e as casadas, desde que tivessem autorização dos maridos. Mesmo que ainda com restrições, o direito ao voto foi uma grande conquista para as mulheres naquela época.
A igualdade que buscamos é por direitos e oportunidades iguais para homens e mulheres. Somente assim, será possível a condição de justiça social e de direitos humanos para todos. Na luta pela igualdade feminina, desejamos que se concretizem ações que garantam que as condições no mercado de trabalho das mulheres brancas e negras, salários e espaços de poder igualitários em relação aos homens nas mesmas funções e cargos.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelam o tamanho da desigualdade de gênero no mercado de trabalho que, apesar do aumento na participação das mulheres a pelos menos nos cinco anos seguidos, o público feminino continua ganhando menos que os homens, além do que, os cargos de gerenciais também não são ocupados por elas. Em contrapartida, os trabalhos precários e domésticos são feitos em sua maioria por mulheres negras e abaixo da linha de pobreza.
A representatividade feminina nos espaços de poder é extremamente importante para o fortalecimento da democracia, pois ainda há muito preconceito, exclusão e violência contra mulheres no Brasil e no mundo. Ao apontarmos que, dentre os eleitores no Brasil as mulheres são maioria representando aproximadamente 51,8%, e, ainda assim, não temos na mesma proporção mulheres brancas ou negras nos espaços em condições igualitárias, considera-se uma sub-representação dessa parcela da sociedade nos espaços de decisão política para garantir que as políticas públicas e os direitos cíveis, políticos e sociais sejam de fato efetivos.
Outra questão é a invisibilidade das mulheres negras que precisam lutar para sobreviver, além de serem a maioria das mulheres assassinadas no Brasil e terem os trabalhos e salários mais precários em relação às mulheres brancas. A luta pela Igualdade feminina precisa e deve contemplar também nós mulheres negras nas conquistas por melhores condições de trabalho e nos espaços de poder.
Diante do exposto acerca da igualdade feminina é possível constatar avanços, porém, na luta pela equidade há um caminho longo a se percorrer. Não podemos aceitar retrocesso na luta pela democracia, que nossa participação seja ampliada e não limitada apenas em cotas de candidaturas e sim de cadeiras para que possamos de fato exercer o direito de votar e ser votada com condições igualitária com os homens.
Solange Moreira é secretária nacional de Igualdade Social do Solidariedade