O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) será realizado neste final de semana, após exonerações e denúncias de interferência do Governo Federal.

Realizado a 23 anos, o Enem recebeu a atenção da população após uma série de denúncias realizadas por 37 servidores públicos, que solicitaram exoneração de seus cargos. Segundo às denúncias, os servidores estavam sendo pressionados psicologicamente e sendo forçados a não utilizar questões que criassem atritos com o governo Bolsonaro.

Após a repercussão das denúncias, em Dubai, na Expo 2020, o presidente comentou que “o Enem estava ficando com a cara do governo”, comentário que foi duramente criticado e que reforçou o entendimento sobre as tentativas de mexer no exame com intuito ideológico.

A Câmara dos Deputados chegou a chamar o presidente do Inep, Danilo Dupas, para prestar esclarecimentos sobre as denuncias de assédio. Ele informou que desejava tratar o caso internamente.

Ainda está semana, o vice-presidente Hamilton Mourão comentou que Bolsonaro tem o direito a opinião e a livre expressão, mas que o que ele disse não retrata uma movimentação afim de mexer no exame nacional. Ele chegou a ficar irritado com os jornalistas por tentarem extrair criticas ao presidente em seu discurso.

Para Glauco Rojas, presidente do Solidariedade (DF), o Enem “É um exame nacional que envolve um sofisticado trabalho de logística e planejamento, ainda mais em um país de dimensões continentais como o Brasil. Agora, imaginemos o que significa realizar essa prova após uma debandada dos servidores técnicos, que tem experiência e constroem isso há muitos anos. Essa instabilidade e desorganização são um desrespeito com milhares de jovens e suas famílias, que se preparam por meses para a prova, afetando diretamente sua rotina”. Ele ainda conclui que o Enem é um instrumento do Estado, não de um governo específico.

A importância do Enem

O Enem tem sido realizado para medir os conhecimentos e auxiliar jovens estudantes a ingressar no ensino superior.

O exame da a oportunidade para que brasileiros tenham acesso a programas de incentivo, que facilitam o ingresso em faculdades públicas e privadas, além de permitir o avanço socioeconômico do país.

Guilherme Martinelli, diretor executivo da Fundação 1º de Maio, comentou que “O Enem é uma política importante, porque da maneira que ele está organizado, dá a oportunidade para que estudantes que, antes do Enem, talvez fossem incapazes de conseguir uma vaga na universidade. Além disso, ele permite criar uma régua para o ingresso no ensino superior”.

Com a média de notas, os estudantes poderão ingressar no programa Fies (Programa de Financiamento Estudantil), que financia os valores da faculdade, permitindo o parcelamento e pagamento após a graduação. Além do Fies, estudantes também conseguem ingressar no ProUni (Programa Universidade para Todos), que permite o ingresso em universidades públicas ou bolsa de estudo parcial ou integral nas universidades privadas.

Críticas ao Ensino Básico

Com o vestibular chegando, a qualidade do ensino público voltou a ser questionada pela população.

Mesmo com o grande investimento na educação básica, a qualidade do ensino em escolas públicas é muito abaixo do esperado. Para muitos, o que falta é a educação com gestores comprometidos em melhorar o ensino em escolas públicas, para que esses jovens possam competir de igual para igual com estudantes de escolas particulares e cursinhos.

“Eu tenho algumas dúvidas em relação do quanto o Enem está incorporado no dia a dia das escolas públicas, se as escolas de fato preparam esses alunos para o Enem” disse Martinelli, que ainda pontuou que “Essa preocupação é importante, principalmente para jovens que vem de um ambiente mais carente”.