Carregando...

Notícias

Saúde 15/09/2021

Pesquisa indica que saúde mental dos adolescentes não vai bem

Pesquisa indica que saúde mental dos adolescentes não vai bem
O Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio, traz o alerta de que é preciso refletir sobre o tema, principalmente entre os adolescentes. (Arte: Karen Winski / Lid. Solidariedade)

Um levantamento feito com adolescentes de 13 a 17 anos em todo o Brasil e publicado este mês apontou que a saúde mental desse público é motivo de alerta. Sinais de depressão e ansiedade já eram claros nas respostas antes mesmo da pandemia. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) foi feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019 e revelada agora, por conta da campanha Setembro Amarelo de Prevenção ao Suicídio, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

De acordo com a pesquisa, 31% dos adolescentes se sentiam tristes sempre ou na maioria das vezes e 21% declararam sentir que a vida não vale a pena ser vivida. Os números chamam atenção para o risco de suicídio, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a terceira principal causa de morte entre as pessoas de 15 a 19 anos.

Apesar de não haver a pergunta direta sobre tentativa de tirar a própria vida, 5% dos entrevistados admitiram já terem causado lesão ao próprio corpo. Em mais de 60% desses o motivo da autoviolência vinha de algumas características comportamentais de depressão, ansiedade e dificuldades relacionais em casa e na escola.

Os organizadores do estudo identificaram nas entrevistas alguns fatores que podem ter contribuído para o estado negativo desses adolescentes ou ser consequência dele. Entre esses casos, estão relatos de bullying (23% afirmaram que duas ou mais vezes se sentiram humilhados por provocações dos colegas na escola), uso de bebida alcoólica (63% já tinham experimentado), uso de cigarro (22,6% fumaram alguma vez na vida), e violência sexual (14,6% alguma vez na vida foram tocados, manipulados, beijados ou passaram por situações de exposição de partes do corpo contra a sua vontade).

Pós-pandemia

Antes mesmo da publicação do levantamento do IBGE, a OMS já vinha fazendo observações sobre o aumento dos riscos de transtorno mental em adolescentes por conta do isolamento necessário para evitar a Covid-19. Também já havia divulgado que, em todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes e que metade dos transtornos mentais que afetam os adultos começam perto dos 14 anos de idade – a maioria dos casos não é detectada nem tratada.

Logo, os dados da pesquisa brasileira trazem sinais de que o cuidado com esse público deve ser ainda maior. Para a OMS, dentre as ações a serem feitas para prevenir os transtornos mentais nos adolescentes estão:

  • Intervenção psicológica
  • Treinamento dos pais e cuidadores
  • Ensino sobre o tema nas escolas
  • Prevenção do abuso de álcool e drogas
  • Educação sexual
  • Programas multissetoriais de prevenção ao suicídio

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), que encabeça a campanha Setembro Amarelo, mais de 13 mil pessoas tiram a própria vida por ano no Brasil, número que tem crescido principalmente entre os adolescentes. O órgão acrescenta que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e a cada três segundos uma pessoa atenta contra a própria vida no mundo.