Carregando...

Notícias

Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agricultura Familiar 21/03/2022

Entenda o Plano Nacional de Fertilizantes e o que tem a ver com a guerra na Ucrânia

Entenda o Plano Nacional de Fertilizantes e o que tem a ver com a guerra na Ucrânia
O maior fornecedor de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) do Brasil é a Rússia. Nutrientes são essenciais para a produção de fertilizantes da agricultura brasileira (foto: Freepik)

A invasão da Rússia à Ucrânia expôs um problema que a maioria dos brasileiros nem sabia que existia: a enorme dependência do Brasil da importação de fertilizantes. O risco de desabastecimento existe e pode comprometer a produção agrícola nacional. Com o objetivo de reduzir drasticamente até 2050 a dependência da importação de nutrientes usados na fabricação de adubo, o governo federal lançou este mês o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que deve melhorar a situação a longo prazo.

Atualmente, mais de 85% dos nutrientes usados na fabricação dos fertilizantes empregados no Brasil são importados. Entre os principais estão nitrogênio (29%), fósforo (33%) e potássio (38%), que são conhecidos no meio agrícola pela sigla NPK, referente aos símbolos relacionados a cada substância. 

A Rússia é exatamente o maior fornecedor do Brasil, de onde vem 22% de todo NPK utilizado. O segundo maior fornecedor brasileiro é a China, responsável por 15% da importação. Os dados são do portal Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

A excessiva dependência do Brasil na importação dos fertilizantes fica ainda mais evidente neste momento em que seu maior fornecedor, a Rússia, está em guerra. O transporte está prejudicado e os preços, elevados. Além disso, com o NPK, o Brasil produz fertilizantes empregados na cultura, por exemplo, de soja, milho e cana-de-açúcar, itens que, juntos, somam 73% do consumo nacional. As duas primeiras entram no preparo da alimentação para o gado, que o país exporta em larga escala. 

Por isso, problemas na importação e produção de adubo provocam um efeito dominó, que afeta a produção agrícola e até a exportação de todos os itens que dependem dos fertilizantes. Não por acaso, o Brasil quer reduzir até 2050, de 85% para 45%, a necessidade de importar os nutrientes, mesmo com a possibilidade de dobrar a demanda por eles por conta do crescimento da produção agrícola. 

Soluções à vista

O deputado federal e secretário de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Agricultura Familiar do Solidariedade, Zé Silva (MG), destaca que a guerra reforçou a necessidade de o país pensar a longo prazo. “Já que o mundo espera que até 2050 a gente produza 40% da quantidade suplementar de alimentos que o mundo vai precisar, nós não podemos depender de outras nações para um dos insumos mais estratégicos que são os fertilizantes”, argumenta.

Além da redução da dependência da importação, o PNF traz 80 metas. Entre elas, o uso de novas tecnologias, de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental. Todo o trabalho será coordenado e acompanhado de perto pelo Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas.

Zé Silva lembra que há outras medidas a serem tomadas para fortalecer a produção agrícola sustentável e independente no país. “É preciso descomplicar o Estado brasileiro na questão tributária, na questão do licenciamento ambiental, especialmente a logística, que é pautada equivocadamente no transporte rodoviário, mas precisamos do transporte hidroviário e ferroviário”, comenta. “Isso vai reduzir os custos de produção, garantir que esses fertilizantes estejam de forma estratégica em pontos de fronteira agrícola e os principais pontos de produção de commodities e também de alimentos”.