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Saúde 27/04/2022

Covid-19: de pandemia para endemia

Covid-19: de pandemia para endemia
Foto: iStock

Desde março de 2020, o surto sanitário de Covid-19 é classificado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), como pandemia, no entanto, alguns estados, incluindo São Paulo, começaram a flexibilizar a exigência do uso de máscara e a manutenção do distanciamento social, mas isso não significa que a pandemia acabou.

Em virtude desta melhora no cenário epidemiológico, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga estuda rebaixar para endemia a atual situação da Covid-19 no Brasil, mas qual a diferença entre ambos os cenários?

Pandemia X endemia

De acordo com a médica e deputada estadual drª Helena Duailibe, as principais diferenças relativas ao status da enfermidade são: nas pandemias as doenças sempre são transmissíveis e a disseminação atinge dimensões em vários continentes, chegando inclusive a se alastrar  mundialmente, já nas endemias as doenças podem (ou não) ser transmissíveis e estão presentes em áreas com manifestações relativamente estáveis, apresentam casos ao longo dos anos e suas variações são geralmente previsíveis, como é o caso da febre amarela.

Para Duailibe, graças a vacinação, o pior cenário epidemiológico já passou, no entanto, ainda se faz necessária a adoção de medidas preventivas para que o vírus não se multiplique ou se espalhe ainda mais. “Daqui pra frente a Covid-19 entra na agenda anual dos programas de vacinação de todos os países. A cooperação da OMS e dos países produtores de vacinas intensificarão a cobertura vacinal de países africanos que ainda não alcançaram níveis aceitáveis de cobertura”, comenta.

É hora de decretarmos uma endemia?

É inegável que o avanço da vacinação permitiu que as infecções fossem minimizadas, além de ter impedido os casos mais graves da doença, visto que grande parcela da população brasileira já está com ao menos a segunda dose do cronograma vacinal, no entanto, cientistas ainda relatam que será preciso um tempo para de fato decretarmos o rebaixamento da doença para endemia.

Duailibe diz ser favorável ao rebaixamento da doença. “Nossa cobertura vacinal está alta e aproximando-se dos níveis de segurança. Estamos superando 80% de habitantes protegidos e vamos ter produção nacional de vacina contra a Covid-19, além de intensificar a produção de outros imunobiológicos que ainda importamos”, ressalta a médica. A vacinação contra Covid vai entrar na rotina do PNI (Programa Nacional de Imunizações), assim como já ocorre com H1N1 (influenza A).

Já a psicóloga Isabel Paegle diz que neste cenário migratório em que estamos passando, a principal lição que devemos aprender é saber lidar com aquilo que não temos o controle. “Durante a pandemia vivenciamos situações limites que romperam com o nosso cotidiano, e por meio delas, percebemos que alguns valores foram retomados. Passamos a valorizar o convívio com familiares e amigos; reaprendemos a nos conectar com pessoas que muitas vezes, na correria do dia a dia, não dávamos a devida atenção. A principal lição que a pandemia nos deixou é a de valorizar os laços sociais que estamos inseridos”, afirma Paegle.

Sequelas de um período pandêmico

Entre os principais danos ou efeitos psicológicos que a pandemia nos deixou, Paegle ressalta que as características patológicas foram ainda mais em evidenciadas. “Pessoas que tinham a tendência de serem depressivas, durante a pandemia, tiveram seus sintomas agravados com quadros de ansiedade generalizados seguidos de ataques de pânico, o que levou muitos indivíduos a grandes sofrimentos”, diz.

Ela ressalta ser possível minimizar esses traumas por meio de atendimento psicológico, fazendo uma escuta atenta e, caso necessário, fazer o encaminhando destes cidadãos a outros profissionais. “Podemos trabalhar com meditação, atividade física, reeducação alimentar, trabalho psicológico, psicanalítico, enfim temos inúmeras abordagens que ajudam o paciente a se reencontrar depois de serem trabalhados seus traumas. Eu acredito que um trabalho interdisciplinar pode fazer a diferença na vida desses cidadãos”, enfatiza.

Se de fato a Covid-19 passar a ser tratada como endemia, ela deixará de ser uma emergência de saúde e não haverá mais obrigatoriedade do uso de máscaras, distanciamentos, exames médicos que comprovem a não existência da doença e também não será exigido o passaporte da vacina. Sendo assim, mesmo com o rebaixamento da doença, algumas medidas precisam ser melhores pensadas, bem como a manutenção e continuidade com os cuidados sanitários.