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Semana vitoriosa para a democracia
Bolsonaro gritou, esperneou, colocou tanques nas ruas, ameaçou, mas no final ganhou a democracia. Esta foi uma semana agitada e serviu para provar que a maior parte dos deputados não se intimida diante do autoritarismo e faz o que é necessário para evitar retrocessos e melhorar a vida da população.
Começamos agosto com a polêmica do voto impresso, enterrado na última terça-feira (10) no plenário. Votei contra a proposta e semanas antes da votação recebi ataques da ‘milícia’ bolsonaristas pelas minhas redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram). Fui atacado de todas as formas por pessoas que dizem amar o Brasil e a democracia, mas na verdade querem apenas criar o caos. Não só eu fui vítima dos apoiadores do Bolsonaro, mas todos os parlamentares que defenderam o sistema eleitoral atual.
Além da rejeição à PEC do voto impresso, outra vitória foi a derrubada do modelo distritão, que alguns parlamentares defendiam para as próximas eleições. Esse sistema de voto é adotado em apenas quatros países: Ilhas Pitcairn, Vanuatu, Jordânia e Afeganistão.
O modelo representa um retrocesso absoluto e tornaria ainda mais difícil a candidatura de representantes dos trabalhadores e das minorias. Além disso, seria péssimo para a renovação política. Isso não é democrático.
Um Legislativo eficaz é aquele que tem representantes de todos os grupos sociais: trabalhadores, mulheres, negros, LGBT, povos indígenas, agricultores, entre outros. O distritão não permitiria uma representação tão diversificada, reduzindo a qualidade do parlamento.
Cada vez mais, precisamos de deputados e senadores preocupados com o desenvolvimento social e com as causas trabalhistas. Se hoje já está difícil aprovar projetos que beneficiam os trabalhadores e os mais vulneráveis, com o distritão nem projetos teríamos, porque é um sistema elitista e os candidatos eleitos não estariam preocupados com os mais pobres.
A semana foi vitoriosa, mas ainda temos muito que lutar para que o Brasil volte a crescer economicamente e para evitar novas crises institucionais. O país precisa avançar e dar prioridade ao que realmente importa: geração de emprego e renda, educação, saúde e desenvolvimento social.