Artigos
O DINHEIRO É DO TRABALHADOR E O GOVERNO QUER DIZER COMO USÁ-LO
“As novas regras do saque-aniversário revelam a contradição de um governo que fala em fortalecer o trabalhador, mas o impede de acessar o próprio dinheiro.”
Como cidadão e agente político, fico indignado ao ver o governo federal se contradizer de forma tão evidente. De um lado, promete melhorar a renda e colocar mais dinheiro em circulação; de outro, impõe barreiras para o acesso ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que é patrimônio do trabalhador. As novas regras do saque-aniversário, limitando as parcelas entre R$ 100 e R$ 500, reduzindo o número de antecipações e exigindo uma espera de 90 dias, ferem diretamente o direito de quem depende desse recurso para equilibrar a vida.
O FGTS não é presente, é conquista. É resultado de anos de trabalho e contribuição. O governo não tem o direito de decidir quando e quanto o cidadão pode usar do próprio dinheiro. Essa interferência soa autoritária e contradiz o discurso de justiça social e fortalecimento da economia popular.
Felizmente, há quem se levante contra essa arbitrariedade. O deputado federal Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade, teve coragem e coerência ao acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar a medida. O partido sustenta que o Conselho Curador do FGTS extrapolou sua competência, e a ministra Cármen Lúcia já exigiu explicações do governo, um sinal de que a questão é séria e merece ser revista.
O que o governo chama de “responsabilidade fiscal” – mas na prática é controle sobre o bolso de quem é dono do dinheiro. O FGTS deveria servir à liberdade do cidadão, não à tutela do Estado. Ninguém deveria ter mais direito sobre ele do que quem o conquistou com o próprio esforço.