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Fernanda Montenegro, Martinho da Vila e Hermeto Pascoal, todos com mais de 80 anos, tiveram suas aposentadorias bloqueadas pelo INSS
É impressionante como um governo que se diz do povo age contra ele. Se até três personalidades famosas são vítimas do INSS, o que dizer dos cidadãos comuns?
Acontece assim: os aposentados são convocados pelo INSS para uma “prova de vida”. Se não puderem comparecer, o benefício é suspenso. Isso é uma crueldade sem tamanho contra quem dedicou uma vida inteira de muito trabalho ao país. Crueldade pelo corte de um direito. Aposentadoria não é uma concessão do governo. É preciso criar meios de realizar a prova de vida visitando os aposentados nessa situação. São octogenários que, em muitos casos, têm dificuldade de sair de casa. Isso é de domínio público. Quem tem idosos na família nessa idade sabe do que estou falando.
Além disso, após a suspensão, os meios para restabelecer o benefício dependem de aplicativos ou telefone, canais de difícil acesso para idosos dessa faixa etária. Casos semelhantes vêm se acumulando. Fernanda Montenegro foi considerada “morta” pelo INSS. Parece que a ânsia do governo em economizar atropela o bom senso humanitário. Estamos delegando a algoritmos ações que deveriam ser estritamente humanas. O problema é grave, afeta milhares de pessoas e não pode ser tratado com normalidade.
O Estatuto do Idoso garante e exige prioridade e respeito no atendimento público, mas isso está longe de ser realidade no atual governo. Os casos de Fernanda Montenegro, Hermeto Pascoal e Martinho da Vila não são meros “erros de sistema”, mas sintomas de uma estrutura previdenciária que negligencia a vulnerabilidade dos idosos. Enquanto o governo não priorizar políticas humanizadas e adaptadas às limitações dessa faixa etária, o Estatuto do Idoso permanecerá como letra morta. A aposentadoria é um direito constitucional, não um favor do Estado, e sua garantia exige mais do que algoritmos: requer empatia e eficiência.