Um país que trata as diferenças de forma preconceituosa, só poderá garantir o espaço para todos com leis, sendo assim, vamos relembrar a história das pessoas com deficiências, que sempre foram vistas como anormal, coitadas, sofredoras e que a piedade era o melhor remédio, não podiam trabalhar e dependiam da ajuda da igreja com esmola e doações ou do governo com benefícios socias e aposentadorias.

A consequência de tudo isso, sempre foi uma visão da necessidade assistencialista, capacitista e preconceituosa. Com a criação da Lei de Cotas para pessoas com deficiência, que completa 31 anos neste domingo (24), reconhecemos que esse importante instrumento de inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é fundamental para garantir o direito ao trabalho e salários dignos.

Criada em 1991, a Lei 8.213/91 reserva postos de trabalho às pessoas com deficiência. Importante ressaltar que essa lei, conhecida como a Lei de Cotas para pessoas com deficiência e reabilitados do INSS, regulamentou a obrigatoriedade das empresas com 100 ou mais empregados a contratarem trabalhadores com deficiência.

A Lei de Cotas representa um grande avanço, pois permitiu e garantiu a abertura de novas oportunidades, proporcionando independência e a melhor qualidade de vida para as pessoas com deficiência.

Eu também fui beneficiado pela Lei de Cotas, e sou grato a isso, afinal, sempre trabalhei para ajudar nas contas de casa, nos mais diversos trabalhos: sorveteria, feira livre, vídeo locadora, loja de produtos de limpeza, etc, mas a grande mudança na minha vida só aconteceu em julho de 1998, quando através de uma chamada na TV aberta, no jornalismo da tarde, ouvi que uma empresa estava contratando pessoas com deficiência para trabalhar em um projeto de intermediação de mão de obra, que atenderia pessoas desempregadas, esse projeto tinha o nome de Centro de Solidariedade ao Trabalhador.

Então, me preparei e fui procurar o meu lugar nesse projeto, acabei sendo contratado, eu olhava o auditório cheio de trabalhadores contratados, olhava para um lado e para outro e via muitas pessoas com deficiência felizes, pois estavam contratadas com registro em carteira e iríamos começar a trabalhar já na segunda-feira, esse dia foi incrível!

Fica claro que a promoção da diversidade nas empresas é necessária e que seus benefícios são muito maiores que os investimentos, como por exemplo: aumento da integração social dos colaboradores; reforço da tolerância dentro das equipes; melhora da cultura de inovação; proximidade e respeito as diferenças; melhora do ambiente e da marca social da empresa e principalmente a aplicação dos direitos fundamentais da igualdade, fraternidade e liberdade.

Nessa data tão importante para todos nós, pessoas com deficiência, gostaríamos de desejar que ninguém seja deixado para trás e que tenhamos uma sociedade justa, inclusiva e solidária.