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COVID-19 05/05/2021

Dia Nacional do Uso Racional de Medicamento em tempos de Covid

Dr. Leonardo
Dr. Leonardo
Deputado federal (MT)
Dia Nacional do Uso Racional de Medicamento em tempos de Covid
Foto: PMJ

A OMS (Organização Mundial de Saúde) define o uso racional de medicamentos quando pacientes recebem medicação apropriada para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período determinado e ao menor custo para si e para a comunidade.

Se não observados e obedecidos esses critérios podemos levar as pessoas a correrem riscos desnecessários, pois o uso sem orientação, a famosa “automedicação”, é uma preocupação antiga. Os dados do Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas), apontam que os medicamentos respondem pela maioria dos casos de intoxicação no Brasil, quase o dobro dos atendimentos por picadas de animais peçonhentos.

Um tratamento ineficaz poderá ainda acarretar o prolongamento ou piora da doença, aumentando as reações adversas, além de trazer consequências negativas para o paciente e, os que realmente necessitam da terapia medicamentosa serão prejudicados pela falta de medicamento nas prateleiras. Outro ponto é que, o sistema de saúde poderá ficar congestionado, uma vez que o paciente necessitará de novas consultas e até mesmo internações hospitalares. Além disso, o meio ambiente será afetado com o descarte inadequado dos medicamentos.

Isso te faz lembrar de alguma coisa?

Com o avanço da Covid-19, as vendas de medicamentos que ainda não têm eficácia comprovada contra o coronavírus aumentaram. Quem nunca ouviu alguém falando que tomar a medicação “X” ou “Y” pode prevenir a Covid-19? Ou ainda que bastava usar o “kit Covid” que estaríamos protegidos?

Para evitar o risco de automedicação, o médico precisa fazer o acompanhamento adequado para garantir que o paciente receba a dosagem correta de acordo com a individualização de cada caso, no momento certo e pelo tempo correto de determinada medicação, garantindo assim o uso racional do medicamento.

Precisamos lembrar que esses medicamentos não servem para prevenir que se contraia a doença. A única coisa capaz de fazer isso é a vacina. Por isso, a vacinação em massa é tão importante para vencermos de uma vez por todas a pandemia. Pessoas que pensavam estar imunizadas por conta do uso do “kit Covid” contraíram a doença e passaram para outros cidadãos, ou seja, elevou-se o custo da saúde para a comunidade e o problema que já é de escala global foi ainda ampliado.

Além disso, o uso de alguns medicamentos sem a supervisão médica resulta em trágicos efeitos colaterais. A hepatite medicamentosa acometeu algumas pessoas que exageraram no uso de medicamentos presente no “kit Covid” porque acreditavam que precisavam tomar o remédio regularmente para estar prevenido da doença. Outras pessoas ficaram frágeis e contraíram pneumonia bacteriana também devido alguns desses medicamentos e outras apresentaram problemas cardíacos.

O uso de medicações sem comprovação científica ocasionou ainda a ausência de determinados medicamentos nas farmácias de todo o país e pacientes que de fato faziam uso dessas medicações tiveram seus tratamentos interrompidos por decorrência da ausência desses medicamentos, o que em muitas vezes ocasionou a piora dos quadros clínicos e, consequentemente, o surgimento de sequelas irreversíveis.

O problema não é o medicamento, mas o seu uso não racional. A utilização correta é quase tão importante quanto os próprios remédios, por isso, a automedicação, orientação errada e também a propaganda contrária a um medicamento pode ter efeitos catastróficos em casos de epidemias e pandemias, como estamos vivendo agora.

Dr. Leonardo é médico pós-graduado em psiquiatria, deputado federal pelo Mato Grosso, 1º tesoureiro do Solidariedade nacional e presidente regional do Solidariedade (MT)