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Aposentados, Pensionistas e Idosos 25/04/2025

O roubo aos aposentados e o colapso moral da gestão pública no Brasil

Alexandre Pereira
Alexandre Pereira
Presidente estadual do Solidariedade (SP)
O roubo aos aposentados e o colapso moral da gestão pública no Brasil
Crédito: Agência Brasil

O mais recente escândalo envolvendo o desvio de recursos de aposentados por meio de convênios entre o governo e entidades privadas escancara uma realidade alarmante: o Brasil convive com um padrão ético flexível e, muitas vezes, permissivo, que já não causa mais espanto, mas deveria causar indignação profunda.
Não se trata de um golpe isolado. Trata-se de uma afronta sistêmica a uma das parcelas mais vulneráveis da sociedade: os aposentados. Segundo dados do próprio governo federal, o país conta hoje com cerca de 28,5 milhões de aposentados, sendo que mais de 70% recebem apenas um salário mínimo. Ou seja, a grande maioria vive com o mínimo para sobreviver. E é justamente desses que se retira, com mãos invisíveis e criminosas, o pouco que lhes resta, não raro, em conluio com instituições que deveriam protegê-los.
O crime é ainda mais abjeto por acontecer com a chancela de confiança: entidades “conveniadas” com o governo, operando por dentro do sistema, acessam dados pessoais desses cidadãos para praticar descontos indevidos ou empréstimos não autorizados. Trata-se de um esquema de pirataria moderna, que navega nas águas turvas da burocracia e da omissão institucional.
Um problema de toda a sociedade
É urgente que a Polícia Federal e o Ministério Público atuem de forma implacável para identificar os culpados, bloquear os fluxos financeiros e garantir o ressarcimento integral dos valores furtados. Contudo, não basta apenas punir os autores diretos. É necessário desmantelar toda a estrutura que permitiu a fraude, dentro e fora do serviço público.
Mais do que isso, é imprescindível que a sociedade civil atue como fiscal permanente. A democracia não se sustenta sem a participação ativa da população, especialmente na cobrança por ética e decência na gestão dos recursos públicos. Quando se ataca o aposentado, ataca-se a história de um país. Rouba-se o fruto de décadas de trabalho, o direito à dignidade na velhice, fase mais sensível da vida.