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Seminário sobre Transição Energética aponta potencial econômico e ambiental brasileiro pronto para ser explorado
O setor de transportes no mundo inteiro está passando por uma transformação essencial em sua matriz energética: os veículos a combustão estão dando cada vez mais espaço aos veículos elétricos. Mais baratos para abastecer e com tecnologia mais simples de manter, além de trazerem vantagens potenciais ao meio ambiente, os veículos elétricos se transformaram em um produto com viabilidade econômica, e em vários países já se discute a substituição paulatina da frota de combustão interna pela elétrica. Além dos transportes, vários outros setores econômicos também estão interessados em fazer a transição para uma matriz energética mais limpa, barata e eficiente.
A adoção em massa dessa nova tecnologia energética movimenta outras fatias do mercado. O setor da mineração tem comemorado muito as vendas dos carros elétricos, pois as baterias desses veículos precisam de grandes quantidades de minerais nobres, como o lítio.
Discussão de vanguarda
A Frente Parlamentar em Prol da Mineração Sustentável, presidida pelo deputado do Solidariedade Zé Silva (MG), realizou um seminário, em conjunto com a Comissão de Legislação Participativa, para discutir justamente como extrair de forma responsável o lítio do solo brasileiro, rico nesse mineral. O representante do Ministério de Minas e Energia, Victor Saback, argumentou que a transição energética e a substituição do petróleo por combustíveis renováveis e eletricidade são estratégicos para o País e apresentou os esforços do Poder Público para estimular esse setor:
“Somos uma nação privilegiada em reservas minerais estratégicas: sétimo do mundo em lítio, décimo em cobre, décimo-terceiro em níquel. Isso apenas em reservas conhecidas. Temos condições de não apenas nos abastecer como de fornecer isso para o mundo. Temos apenas que não apenas extrair, mas transformar em commodities com valor agregado. O Ministério quer tratar esse assunto assim, e no próximo semestre vamos colocar em movimento um grande programa de mineração para transição energética, investindo em qualificação de mão de obra, oferecendo financiamento, estimulando pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, promovendo internacionalmente nosso produto.”
Mercado em expansão
Os representantes de empresas mineradoras concordaram com o secretário do Ministério de Minas e Energia. Marcelo Carvalho, representante da empresa australiana Meteoric Resources, afirmou que a instituição tem muito interesse em explorar esses minerais no País:
“O Brasil hoje é o principal player em minerais de transição energética do mundo. Os depósitos minerais de melhor qualidade do mundo estão aqui. 17 empresas só da Austrália vieram para o Brasil para explorar esses depósitos.”
Carvalho ainda lembrou que o país é rico também nos elementos chamados terras raras, minerais como o neodímio, que são essenciais para a produção de motores elétricos de alto desempenho, assim como o lítio é essencial para a produção de baterias de alto desempenho.
Protagonismo potencial
Carlos Colombo, representante do Ministério da Fazenda, explicou que o Governo está analisando setores estratégicos brasileiros e o papel potencial do país como promotor de soluções para a crise climática global. Colombo explica que o setor de mineração é estratégico para uma transição energética mais limpa, menos dependente de combustíveis que emitem gases de efeito estufa:
“O Brasil tem abundância de recursos naturais e de energia renovável, além de um parque industrial consolidado que pode explorar esses novos setores estratégicos. Acreditamos que a Reforma Tributária vai estimular a produtividade, a competitividade e a confiança no país, atraindo assim inclusive novos investimentos.
Colombo ainda detalhou o Plano de Transformação Ecológica que o Governo Federal está desenvolvendo. O Plano tem como meta aumentar a produtividade e lucratividade nos chamados mercados verdes, por meio de uma produção sustentável do ponto de vista do meio ambiente:
“O objetivo final é o desenvolvimento econômico e social para o país, com ganhos compartilhados entre as várias etapas da produção, desde a extração de matérias primas até a exportação de soluções tecnológicas sustentáveis para apoiar outros países a combater a crise climática mundial.”
Urgência
Zé Silva concluiu que o Brasil tem as ferramentas necessárias para assumir a vanguarda da transição para uma matriz energética mundial mais limpa, e precisa discutir o tema e definir os próximos passos do país nesse setor econômico com urgência:
“Existe uma preocupação que o mundo tem que ter que é o de realizar uma transição energética que seja inclusiva: temos que garantir que o lítio ajude o mundo mas também ajude o Vale do Jequitinhonha por exemplo. Pesa nas costas do Brasil a responsabilidade de ter que assumir esse protagonismo da transição energética para uma energia mais limpa.. Precisamos nos aprofundar e debater esse tema. E isso é uma coisa que vai acontecer e já está acontecendo nesse Parlamento,” finalizou o parlamentar.
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Bruno Angrisano / Solidariedade na Câmara