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Mulheres 07/03/2022

Qual a importância de termos mulheres no poder?

Qual a importância de termos mulheres no poder?
Foto: iStock

Ter mais representatividade na vida pública, política e social. É isso que as mulheres ainda buscam, já que ainda hoje sofrem com discriminação e desigualdade de direitos.

Ao longo da história, a mulher conquistou o direito a falar em público, ao voto, ao divórcio e até mesmo ao trabalho fora de casa.  Mesmo assim, hoje, apesar de serem maioria na população, as mulheres ainda têm menos representatividade na sociedade, principalmente em cargos eletivos.

Um exemplo, é o voto feminino que passou a ser permitido a partir de 1932, após Getúlio Vargas promulgar o decreto nº 21.076, que aboliu as restrições de gênero, autorizando todas as mulheres a votarem de forma facultativa, sem contar que algumas posições de destaque no mercado de trabalho, vida pública e sociedade foram ganhando discretos espaços.

Os números das últimas eleições não nos deixam mentir, em 2018 foram eleitas 290 mulheres, contra 190 nas eleições de 2014. Tivemos um singelo aumento, no entanto, ainda precisamos de mais representatividade.

Por que precisamos de mulheres no poder?

“Por uma questão de justiça social, representatividade e eficiência da democracia é que precisamos de mais mulheres no poder”, diz Laiz Soares, presidente do Solidariedade em Divinópolis/MG, que justifica sua fala ao dizer que as mulheres são a maioria da população brasileira e a minoria nos estados de poder. “Como a democracia é a vontade da maioria, se não temos mais mulheres do que homens no poder, não estamos cumprindo a função que ela (democracia) se propõe, que é dar voz, vez, representatividade e espaços de decisão para a maioria da população”, completa.

Para Loreny Caetano, secretária nacional da Mulher do Solidariedade, por ser representativo, o parlamento tem a necessidade de ter mais mulheres no comando, pois as mulheres vivenciam questões individuais que apenas elas sabem como administrar, como exemplo a saúde da mulher, maternidade, amamentação, necessidade de creches, educação dos filhos, violência física, psicológica, sexual, entre outras, e apenas com o olhar feminino é que se pode perceber tais necessidades. “Precisamos de mulheres no poder gerenciando o orçamento público dos governos nas esferas municipais, estaduais e federais para destinarmos recursos que financiem políticas públicas que atendam as demandas não só das mulheres, mas de toda a sociedade, pois as mulheres têm plena sensibilidade para isso”, conclui.

Por muito tempo as mulheres foram caladas, sofreram inúmeras formas de discriminação que se refletem até os dias de hoje e poder colocar cada vez mais mulheres no poder é ter a possibilidade de pagar uma dívida histórica para evoluirmos como sociedade.

Pequenas conquistas que fazem a diferença

Mulheres sempre foram vistas como as responsáveis pelo trabalho doméstico, pela criação e cuidados com os filhos, como a executora da alimentação da família e como a esposa doce e preocupada, no entanto, de modo silencioso, mulheres anônimas lutavam, e ainda lutam, diariamente para que este estereótipo do gênero feminino seja modificado.

“Ser mulher da vida real é bastante difícil, pois somos cobradas a cada segundo para sermos cada vez melhores. Todas as mulheres têm seus poderes, potencialidades e capacidades. A mulher é poderosa pelo simples fato de ser mulher”, ressalta Laiz Soares, que diz que mulher de poder, é aquela que luta diariamente, corre atrás do que quer, tenta ser ouvida e respeitada num mundo extremamente machista e opressor.

“Uma mulher no poder significa que ela tem voz, capacidade de execução e decisão. Mulheres no poder legislativo, executivo e judiciário são sinônimos de quem de fato determina soluções. Elas têm voz para fazerem discursos, levarem mensagens para serem repassadas adiante. Podem ser ouvidas em suas ideias e percepções de mundo sobre problemas individuais ou coletivos, pois carregam o poder da caneta”, ressalta Loreny Caetano. Para ela, as mulheres que detêm o poder podem determinar com bastante facilidade como e quais recursos públicos serão utilizados, em qual local serão melhores adequados, quais as prioridades de governo, dos problemas que mais afetam a população, afinal, a sensibilidade da mulher, com certeza, facilita a resolução e boa execução dos problemas enfrentados pela sociedade, sem contar que elas agem com menor índice de corrupção (de acordo com pesquisa publicada em julho/2018 no “Journal of Economic Behavior & Organization” pelos pesquisadores Chandan Jha e Sudipta Sarangi), e dão leveza aos serviços prestados.

Para que as mulheres tenham conseguido chegar no patamar em que se encontram hoje, foram séculos de lutas e persistências e, apesar de haver grandes mudanças, ainda há muito o que lutar para que elas conquistem os mesmos privilégios dos homens.

Lutas silenciosas que nos trouxeram ganhos declarados:

A história feminina é marcada por dores, silêncio e sofrimento, no entanto, graças ao trabalho árduo de grandes mulheres conquistamos ganhos para toda a classe que se perduram até os dias atuais, entre eles, o direito de cursar faculdade (1879); a permissão para o uso de anticoncepcional (1960); com o Estatuto da Mulher Casada, as mulheres não precisavam mais de autorização do homem para trabalhar (1962); a possibilidade de pedirem o divórcio (1977); o direito a licença maternidade de 120 dias (1988); a inscrição impositiva de cotas de 20% de mulheres em chapas eleitorais (1996); a proibição da lei que permitia que homens exigissem a anulação do casamento caso descobrissem que a esposa não se casou virgem (2002); a criação da Lei Maria da Penha (2006); aprovação da Lei do Feminicídio (2015); a obrigatoriedade de ao menos 30% das candidaturas partidárias serem destinadas as mulheres (2018) e 30% dos fundos eleitoral e partidário serem reservados ao público feminino (2021);

Primeiras mulheres na política

Fatos da história narram quem foi e como se deu as primeiras conquistas legislativas das mulheres, vejamos:

Luiza Alzira Teixeira Soriano foi a primeira prefeita eleita no país. Ela se candidatou pelo munícipio de Lajes/ RN e embora tenha sofrido represálias, teve 60% dos votos válidos. Ficou no mandato nos anos de 1929 e 1930 e só retornou para a vida pública em 1947, ocupando o cargo de vereadora.

Nascida e criada em São Paulo, Carlota Pereira de Queirós, foi a primeira mulher brasileira a ser eleita deputada federal. Ela participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte e assumiu o pleito em 1934 Seu mandato foi em defesa das mulheres e crianças, trabalhava por melhorias educacionais que contemplassem melhor tratamento do público feminino.

Em 1935 Maria Felizarda de Paiva Monteiro da Silva – a Neném Paiva, foi a primeira vereadora eleita no Brasil, ela era da cidade de Muqui, no Espírito Santo e chegou a presidir a Câmara de Vereadores do município em 1937.

Também no ano de 1935, Maria do Céu Pereira de Araújo Fernandes se tornou a primeira mulher a ocupar um cargo na Assembleia Legislativa brasileira. Eleita com 12.058 votos, Maria do Céu foi deputada estadual do Rio Grande do Norte entre 1935 e 1937, quando teve seu mandato cassado por discordar das ideias getulistas.

A primeira mulher a governar um estado brasileiro foi Janinele Vasconcelos de Melo, no estado de Rondônia, em 1982, quando substituiu por 42 dias o então governador Jorge Teixeira, e a primeira governadora a assumir efetivamente um estado brasileiro foi Iolanda Fleming, que assumiu o governo do Acre em 1986 após a renúncia de Nabor Junior.

A primeira senadora brasileira foi Eunice Michiles, que tomou posse em 1979 e ficou 8 anos no poder. Ela enfrentou dificuldades para dar mais direitos às mulheres e, embora tenha trabalhado arduamente, nos oito anos de mandato, não viu nenhum de seus projetos ser aprovado pelos colegas, o que ela classifica como preconceito.

Esther de Figueiredo Ferraz, foi a primeira mulher a ter o cargo de ministra do Brasil. Ela ocupou a pasta da Educação entre 1982 e 1985, além de ter se destacado também por se tornar a primeira mulher a lecionar na Universidade de São Paulo e a primeira mulher na América Latina a comandar a reitoria de uma universidade, o Mackenzie.

Embora o primeiro presidente do Brasil tenha sido eleito em 1894, a primeira e única presidente da República só foi eleita em 2010, é o caso de Dilma Rousseff que ficou no poder até 2016, quando sofreu processo de impeachment, teve seu mandato cassado e foi substituída interinamente por seu vice, Michel Temer.

Sonhe alto e realize

A representatividade feminina em cargos de destaque reforça que temos que orientar e deixar nossas crianças livres, para que num futuro próximo, elas sejam aquilo que quiserem, independentemente da cor, credo, raça ou gênero.

Ninguém pode limitar os sonhos de ninguém e não é porque lá atrás, grande parte das avós foram donas de casa, que hoje não podemos liderar uma grande empresa, instituição e até uma nação. Para as mulheres, a realização de um sonho está a um passo da realidade, basta acreditar, trabalhar arduamente e colocar todos os planos em prática. É preciso ser livre, voar alto e acreditar que tudo é possível.

Pensando nisso o Solidariedade disponibiliza dois cursos para empoderar ainda mais as mulheres brasileiras, o Elas podem+ na liderança, que trará ainda mais segurança as mulheres que desejam liderar nos mais variados cenários, com intuito de preará-las para encarar os maiores desafios de um líder, mostrando sempre o melhor caminho e solução a seguir, e também o curso Elas podem+ no mercado de trabalho, que disponibiliza informações sobre os principais desafios que poderão ser encontrados na liderança de grandes empresas e instituições, além de posicionar o lugar de fala de mulheres negras, trans e demais membras da comunidade LGBTQIA+. Os cursos são on-line e promovidos pela Fundação 1º de Maio, instituição partidária do Solidariedade, e mostram que lugar de mulher é onde ela quiser, principalmente no mercado de trabalho, liderança e poder! O Solidariedade apoia e luta para que cada vez mais as mulheres tenham voz e vez na política e em suas vidas cotidianas.