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Por que tudo ficou tão caro?
A alta da inflação do último ano foi a maior desde 2015, o que fez com que os brasileiros se vissem com menor poder de compra
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve crescente de 10,06%, o que deu ao Brasil o título de terceira pior inflação entre as 20 maiores economias do mundo, ficando atrás apenas da Turquia (21,31%) e Argentina (51,2%). O IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), conhecido como ‘inflação do aluguel’, também sofreu reajuste de 17,78%, sem contar que em praticamente todo o país houve aumento nas taxas de energia elétrica, água, esgoto, gás e combustível, ou seja, manter as contas em dia e encher o carrinho do supermercado ficou cada vez mais difícil.
Para Diógenes Sandim, consultor da Fundação 1° de Maio, principalmente o aumento da taxa de energia se devem ao fato do crescente aumento das tarifas energéticas no país, elas representam mais de 50% do total da conta de luz, além dos tributos e do serviço de distribuição pagos pelo consumidor para receber os insumos. “Temos tido persistentes períodos de secas, as autoridades públicas tratam dessa questão como se não existissem alternativas e todas as soluções são paliativas e de responsabilidade dos contribuintes, ou seja, ou pesa no bolso do consumidor, ou é ele mesmo quem deve reduzir o consumo e fazer suas próprias economias”, comenta.
Em julho de 2021, por conta da escassez de recursos hídricos, todas as concessionárias de energia do Brasil alegaram necessidade de reajuste em suas taxas, o que tornou viável o patamar 2, no valor da bandeira tarifária vermelha, passando de R$ 9,49 para R$ 11,50 cada 100kWh consumidos. “O cenário de descaso persiste e a população que mais sofre e que vai continuar sofrendo no futuro é a mais pobre, contribuindo assim para aumentar as desigualdades sociais já crônicas de nosso país”, reforça Sandim.
Parcela mais vulnerável é a que mais sofre com essa situação
Com esses aumentos, aproximadamente 83% das famílias brasileiras tiveram que reajustar ou fazer cortes em seus orçamentos, é o que apontou uma pesquisa feita com 600 brasileiros, maiores de 18 anos, realizada pela CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas), que mostrou que em 2021, 59% das famílias tiveram que redirecionar seus ganhos para fazer o pagamento das contas do dia a dia, excluindo itens tidos como ‘supérfluos’, como é o caso dos vestuários, sapatos, brinquedos, perfumaria, lazer e entretenimento, além de 55% dos pesquisados terem reduzido as refeições fora de casa/ delivery e 48% cortaram itens ‘desnecessários’ de supermercado. A pesquisa ainda apontou que quatro em cada dez brasileiros avaliam que a própria condição financeira piorou em 2021.
Sendo assim, para que o poder real de compra dos brasileiros volte a crescer é preciso investir cada vez mais em programas que barateiem as tarifas essenciais de consumo diário e haja inovação nos programas já existentes.
“Todas as medidas tomadas para minorar os efeitos negativos do modelo atual existente é como enxugar gelo, não vai ser sustentável a partir da sua base matricial atual, portanto mesmo que as utilizemos, não podemos deixar de propor nossas sugestões de mudança matricial de sustentabilidade, afinal, enquanto partido, defendemos a criação de ações sistêmicas para a formulação de políticas públicas sustentáveis, orientadas pelo Programa Partidário do Solidariedade. Em relação a energia, nossa proposta programática defende maior investimento em energia a base solar e eólica, limpa, cada vez mais barata e altamente sustentável, ao contrário de nossa frágil matriz hídrica”, finaliza Sandim.