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Brasil 06/10/2021

Mortes por demência em negros aumentam e índice para brancos cai

Mortes por demência em negros aumentam e índice para brancos cai
Créditos: IStock / Wavebreakmedia

De acordo com novo estudo publicado pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a morte de pessoas pretas e pardas causadas por demência aumentaram 15 pontos percentuais no Brasil, enquanto para brancos, a taxa de mortalidade diminuiu 1,4 pontos percentuais. A pandemia de Covid-19 que atingiu o país em 2020 é apontada como um dos principais fatores.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estática), a chance de uma pessoa negra morrer por Covid-19 foi 38% maior do que a de uma pessoa branca, no auge da pandemia. Esses dados revelam que negros e pardos estavam mais suscetíveis a riscos e a fragilidades econômicas e sociais.

A pesquisa, realizada também com colaboração da Universidade de Queensland, na Austrália, utilizou dados disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde) sobre demência em todo país, fazendo uma análise comparativa entre os anos de 2019 e 2020.

Foram considerados três aspectos da ocorrência de demência no Brasil, durante o contexto da Covid-19: as hospitalizações, custos de tratamento e mortalidade. Seguindo essas análises, percebeu-se que as hospitalizações e custos haviam diminuído entre negros e brancos enquanto a mortalidade cresceu apenas entre negros.

De acordo com os pesquisadores, os aumentos se dão por uma série de fatores. Um deles é que essa parcela da população foi mais afetada economicamente pela pandemia, o que eleva estresse e outros problemas psicológicos, fatores de risco para um quadro de demência. Outra hipótese é a dificuldade de acessar sistemas de saúde. De acordo com dados do SUS, pessoas negras estão abaixo da média nacional de pessoas que consultaram um médico nos últimos 12 meses.

Soma-se a isso também a particularidade da demência, que é uma doença que exige um tratamento contínuo e precoce. A demora no diagnóstico prejudica o início do tratamento e aumenta as chances de morte.

Outro fator de risco para a demência é se o paciente já tiver um quadro de outras doenças, como diabete e hipertensão, que tem maior prevalência em pessoas negras. Essas doenças também são consideradas comorbidades para a Covid, fazendo com que essa população esteja duplamente em situação de risco desproporcional.

Os responsáveis pelo estudo apontam a importância de implementar políticas públicas para diminuir a prevalência desses fatores de risco na população negra. Para o Solidariedade, a execução de políticas públicas deve sempre levar em consideração as particularidades da população negra.

Com informações da Folha de S. Paulo.