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Brasil na COP26: de referência à vilão ambiental
Com foco no investimento verde e o aquecimento global, a COP 26 (26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), termina nessa sexta (12).
O tema mais relevante da conferência foi a mudança climática, que inclui a queima de fontes energéticas fósseis e suas emissões, responsáveis pelo efeito estufa e o aquecimento global.
Segundo dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), a utilização dos recursos não-renováveis causa o aumento de 1,5ºC a 2ºC por ano, comprometendo a ordem econômica e social do mundo.
As regras determinadas pelo IPCC estabelecem, em primeira fase, entre 2008 e 2012, a redução média de 5% nas emissões, com base nos níveis de 1990. Já na segunda fase, entre 2013 e 2020, uma redução de pelo menos 18% de gases do efeito estufa, em relação aos níveis de 1990.
Já o Acordo de Paris, teve como comprometimentos as alterações nacionais para reduzir os gases do efeito estufa em 50% até 2030, com revisões a cada 5 anos. Por um tempo, o governo federal não cumpriu com as determinações do acordo, mas com a proximidade das eleições, medidas foram tomadas.
Brasil na COP 26
Um dos enfoques negativos do atual governo foi o aumento do desmatamento, totalizando 5 mil km², em 2019, e 10 mil km², em 2021, maior número dos últimos dez anos.
O Brasil participou do evento, tendo como objetivo apresentar formas para a redução na emissão de carbono e desmatamento, além de investimento em combustíveis e negócios pró-preservação ambiental, melhorando a imagem internacional negativa que possui.
Na primeira semana do evento, o Brasil recebeu o “antiprêmio” Fóssil da Semana, concedido pela rede Climate Action, aos países que mais prejudicaram as negociações climáticas, que para o país, tem relação com o “tratamento horrível e inaceitável aos povos indígenas”
O discurso em vídeo de Bolsonaro quase foi vetado por conta do posicionamento que desprestigiava a idealização do evento, porém foi decidida a assinatura da Declaração de Florestas, que sinaliza apoio a comércio agrícola livre de desmatamento, e o Compromisso Global sobre Metano, com objetivo de reduzir 30% das emissões globais de metano até 2030, após a pressão fiscal exercida pelos EUA. Com isso, o evento autorizou a reprodução do discurso, visto posicionamento a favor do evento.
Brasil: maior exportação de carne bovina
O Brasil anunciou no início do evento que o governo se compromete a reduzir os gases do efeito estufa em 50% até 2030, chegar à neutralidade climática até 2050, zerar o desmatamento ilegal até 2028 e apoio a redução global de metano.
Atualmente, nosso país é o maior exportador de carne bovina do mundo, e sem a assinatura dos compromissos, poderia perder seus privilégios de exportação para o território norte-americano.
Segundo Zé Silva, deputado federal do Solidariedade e presidente estadual do Solidariedade (MG), que defende o agronegócio verde e que possui projetos de lei aprovados e em tramitação em favor do agronegócio sustentável, “para a produção com sustentabilidade, que é um desafio de todo o mundo para a produção de alimentos, é preciso uma pesquisa forte, que desenvolva técnicas de produção de alimentos preservando as nascentes, os rios e os córregos, emitindo a menor quantidade possível de gases estufa e metano, que pode ser utilizado para a produção de energia limpa. É preciso de pesquisa, assistência técnica e mudar a visão sobre a cobrança e fiscalização do produtor sobre a sua responsabilidade sustentável, mas também incentivar, premiar e oferecer as inovações, reconhecendo seus serviços em prol da agricultura sustentável brasileira”.
Obama cita o Brasil em discurso
Durante o discurso, o ex-presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, citou o Brasil como um dos países que deveriam liderar os debates sobre o clima. Ele ainda criticou líderes que não estavam presentes no evento, sendo alguns deles de países com maior número de emissão de gases no globo. Ele pontuou que essa atitude reflete a perigosa falta de urgência sobre o tema.
Discurso do ministro do Meio Ambiente
Joaquim Leite, atual ministro do Meio Ambiente e sucessor de Eduardo Salles, discursou nesta quarta (10). Ele frisou em seu discurso as metas anunciadas pelo Brasil, no início do evento.
Seu discurso foi duramente criticado por ambientalistas, já que eles entendem que o Brasil, após um aumento nas emissões, retornou as metas de 2015. O discurso chegou a ser comparado com as fraudes que ocorrem na Black Friday, onde empresas, afim de enganar o consumidor, realizam o aumento dos valores de forma antecipada, para reduzir os valores de forma fraudulenta na data da promoção, trazendo a sensação de redução de preços.
Críticos falaram inclusive que o ministro falou de metas ambiciosas para o meio ambiente, mas não citou a fomentação do governo federal na participação de energias fósseis e térmicas. Inclusive, quando defendeu governo Bolsonaro, deixou de citar o aumento na devastação da Amazônia.
O ministro chegou a citar que “onde há floresta, há pobreza”, o que levou a ser criticado, já que, para muitos, a Amazônia é considerada a Megasena Ambiental, já que a floresta pode produzir frutos, fármacos e cosméticos, além de apoiar as indústrias tecnológicas e de pesquisa.
O deputado Zé Silva, que também participou do evento, ao ser questionado sobre a conciliação da produção agropecuária e a conservação da floresta amazônica, citou que “o futuro da Amazônia é o futuro do mundo, não é preciso retirar a Amazônia para a produção de alimentos” e frisou que “nosso futuro depende da floresta”.
Comitiva brasileira
O que chamou a atenção na conferência da ONU foi a comitiva brasileira, que possui 479 integrantes, mas com nenhum ambientalista, pesquisador, integrante de organização indígena ou movimentos sociais. O número de membros chega a ser maior do que a do Reino Unido, anfitrião do evento em Glasgow, Escócia.
Segundo o embaixador, a comitiva “não poderia ter integrantes que não fazem parte do governo”, mesmo a COP 26 não possuindo essa restrição e a comitiva possuir 57 nomes que não pertencem a nenhum órgão governamental, como por exemplo: primeiras-damas, empresários e representantes de associações corporativas da indústria e do agronegócio.
Solidariedade na COP 26
Nosso deputado federal Zé Silva, participou do evento e citou sobre seu projeto de lei Selo Agro Verde, que tem como objetivo identificar de onde vem o produto do agronegócio, criando o cadastro ambiental rural, banco de dados de todas as propriedades. Além disso, o projeto cria a guia de trânsito animal, onde os produtores e pecuaristas que vendem animais, preenchem uma guia para informar a sua origem, ajudando o consumidor a identificar as produções que agridem o meio ambiente, além de destacar os produtores sustentáveis.