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Palavra do presidente 30/07/2021

Por que a insistência no voto impresso?

Paulinho da Força
Paulinho da Força
Deputado federal (SP) e vice-presidente nacional do Solidariedade
Por que a insistência no voto impresso?
Mesmo depois de a comissão especial ter rejeitado a PEC do voto impresso, Bolsonaro e os seus apoiadores insistem em atacar a democracia.

Como uma criança mimada, Bolsonaro insiste no projeto do voto impresso e até faz ameaças à democracia. O engraçado de tudo isso é que quase todas as eleições em que foi candidato, ele foi eleito por meio das urnas eletrônicas, inclusive em 2018, quando ganhou a campanha para presidente da República. Isso só comprova a credibilidade das urnas, que ao longo dos seus 25 anos não apresentaram nenhum indício de fraude e elegeram presidentes de partidos de centro, direita e esquerda. 

Na semana passada, o presidente disse que apresentaria provas de que é possível fraudar o voto no sistema eletrônico. Porém, nada foi mostrado além das fakes news, já desmentidas diversas vezes. O discurso do presidente é de quem se sente acuado pela baixa popularidade. A avaliação do presidente cai vertiginosamente e para tirar o foco dessa realidade, ele insiste no voto impresso. Ainda condiciona a aprovação do projeto à realização da eleição, como se tivesse poder de decidir se haverá ou não o pleito em 2022. 

As declarações de Bolsonaro e de seus apoiadores demonstram desrespeito à Constituição e desconhecimento sobre o processo eleitoral brasileiro, considerado um dos mais seguros do mundo. A segurança é tanta que 46 países optaram pelo voto eletrônico. Entre as nações estão Canadá, Suíça, Austrália, Japão e México. 

Ao contrário do que Jair Bolsonaro afirma, o voto impresso não é seguro e significa retrocesso. Os 150 milhões de votos precisariam ser transportados. Imagine isso em regiões com milícias e tráfico? Fora o gasto astronômico com transporte e armazenagem de votos e o tempo enorme para a contagem. É inconcebível!

A urna eletrônica é auditável. Ou seja, é possível conferir cada voto, evitando fraudes eleitorais. E isso ocorreu em 2014, quando Aécio Neves questionou os resultados das eleições presidenciais e solicitou auditoria. Na época, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prontamente atendeu ao pedido. A recontagem dos votos foi realizada com a presença de representantes do PSDB. Feita a auditoria, o próprio partido reconheceu que não houve fraude.

Por isso, o Solidariedade é favorável à urna eletrônica e votamos contra a PEC do voto impresso. Aliás, 23 parlamentares da comissão especial votaram contra o projeto, inclusive deputados da base do governo. Apenas 11 seguiram os delírios do Bolsonaro. Junto com 14 partidos, o Solidariedade rejeitou a proposta do governo pela alteração do sistema atual. O voto de cabresto não terá mais espaço no Brasil.