Carregando...

Artigos

Agricultura 06/03/2024

A assistência técnica e extensão rural como ferramentas para o combate ao êxodo rural

Jefferson Coriteac
Jefferson Coriteac
Tesoureiro-geral nacional
A assistência técnica e extensão rural como ferramentas para o combate ao êxodo rural
Foto: reprodução

A população rural predominou no Brasil até a década de 60, mas, com o crescimento dos centros urbanos e o surgimento de novas oportunidades na cidade, o êxodo rural se intensificou. O percentual de habitantes do país que vivem nas zonas rurais caiu 33,8% entre os anos de 2000 e 2022, e hoje, representa cerca de 40% da população brasileira segundo o IBGE.

Essa mudança da população para a zona urbana se dá, principalmente, como uma consequência das condições econômicas negativas enfrentadas por trabalhadores rurais, muitas vezes ligada a falta de orientação na gestão do empreendimento e na ausência de tecnologia que auxilie na produção.

Além disso, segundo um anuário da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Agrícolas), lançado em 2023, o movimento de migração para as cidades se intensificou entre pessoas de 18 e 59 anos, diminuindo a quantidade de pessoas aptas a trabalhar em quase 1 milhão entre os anos de 2012 e 2022.

Todos esses fatores afetam o país de forma negativa, uma vez que a redução populacional em zonas rurais afeta diretamente as produções agrícolas que abastecem o país e, consequentemente, a economia. Da mesma forma, o crescimento exagerado das cidades prejudica a infraestrutura urbana, o saneamento, o transporte e outras áreas.

Para isso existe a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), que está prevista no regimento do MDA (Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), desde a sua reconstituição em 2023, e tem entre suas competências: planejar, implementar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento de projetos, programas e atividades relativos à assistência técnica.

A extensão rural é um serviço de educação não formal, de natureza contínua, dedicado aos agricultores e desenvolvido no contexto geográfico rural e visa que esses produtores dependam menos de fatores externos e mais de conhecimentos técnicos. Já a assistência técnica aplica tecnologia de forma técnica e busca aumentar a produção e a produtividade dos agricultores. Eles funcionam de maneira complementar.

Ainda assim, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, somente 18,2% dos agricultores familiares brasileiros declararam ter acesso aos serviços de ATER.

Essas medidas são essências no combate ao êxodo rural, especialmente num país que tem 70% da agricultura familiar como responsável pelos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros.

Por meio delas, é possível ainda evitar a evasão dos cidadãos mais jovens em busca de direitos à educação, combatendo o êxodo rural juvenil, já que a assistência técnica possibilita ter acesso a uma internet mais rápida e, consequentemente, facilita o ensino e possibilita que o jovem interaja com todo o mundo, mesmo estando no campo.

Além disso, as medidas também permitem o acesso e a melhora do trabalho, da saúde, da cultura nos centros e demais direitos, para que o trabalhador e a população rural possam viver uma vida com direitos plenos.

Jefferson Coriteac, presidente da ANATER (Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural) e tesoureiro-geral nacional do Solidariedade