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Jovens: oportunidades perdidas por falta de capacitação e qualificação profissional
De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Plano OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em parceria com o Itaú Educação e Trabalho, a falta de qualificação ainda é a principal dificuldade encontrada pelas empresas no momento da contratação de seus funcionários, seguida pela falta de comprometimento e falta de experiência, ou seja, está cada vez mais difícil do jovem trabalhador conseguir se (re)colocar no mercado de trabalho.
Para Janaína Reis, secretária municipal da Juventude do Solidariedade em Lauro de Freitas (BA), a falta de qualificação e de conhecimentos técnicos dificulta o acesso do jovem ao mercado de trabalho, além da falta de experiência que também é exigida e de cunho classificatório em muitas empresas.
Dr. Sidney Cruz, vereador por São Paulo (SP), diz que o jovem periférico encontra ainda mais dificuldades nesta recolocação.
“Está provado que os jovens das periferias encontram ainda mais dificuldades. Nossa juventude periférica vive às margens e sofre com a falta de investimentos em infraestrutura, qualificação e principalmente com a falta de oportunidades. A realidade, o contexto social, o contexto econômico e principalmente político das periferias são diferentes, inclusive interferem na aprendizagem desses jovens”, pontua dr. Sidney.
Ambos acreditam que o investimento em qualificação profissional e técnica são as melhores alternativas para que o jovem consiga se recolocar de forma digna e ter destaque no mercado de trabalho, que segue cada vez mais competitivo. “É comum nos depararmos com a disponibilização de vagas em anúncios e fachadas, no entanto, muitas vezes os jovens não estão qualificados se quer para participarem dos processos seletivos para as funções”, ressalta Janaína.
“Sem dúvidas a educação técnica é uma das maiores ferramentas educacionais para a juventude em todo o mundo. No Brasil, desde o governo Nilo Peçanha (1906), existem os cursos profissionalizantes e técnicos. Para se ter uma ideia, diversos países do mundo (principalmente no continente europeu), investem em capacitação técnica. Por aqui houve um grande investimento nos últimos 20 anos, mas temos que avançar ainda mais. Penso que só o ensino técnico de qualidade pode ajudar a preparar e capacitar nossos jovens para enfrentar o competitivo mercado de trabalho”, afirma dr. Sidney.
Sendo assim, o Brasil segue em desvantagem, principalmente porque não reconhece o ensino técnico e profissionalizante como um agente de transformação econômica e social e embora o ensino técnico seja mais rápido do que o superior, mais barato, com número aumentado de aulas práticas e expressiva taxa de empregabilidade, geramos e criamos jovens desqualificados para o mercado de trabalho.
A OCDE aponta que, mesmo com muitas vantagens, apenas 2 milhões de jovens cursam ensino técnico no país, número muito aquém de outros países latino-americanos que atingem a casa de 5 milhões de jovens nessa modalidade de ensino, ou seja, o poder público, sociedade e iniciativa privada devem investir e garantir qualidade no ensino de nossas crianças e jovens, com intuito de que se tornem adultos qualificados e fortemente competitivos.
“Acredito que todas as escolas públicas deveriam introduzir em sua grade de aulas, a qualificação profissional e a formação técnica, pois isso facilitaria o acesso dos jovens em ambientes coorporativos, além do que, esse tipo de qualificação deveria ser expandido não só para jovens, como para toda a população”, afirma Janaína.
Ao citar sobre sua experiência como vereador, dr. Sidney Cruz menciona o QUALISAMPA. “Como vereador de São Paulo tive a oportunidade de criar o QUALISAMPA. O projeto tornou-se lei e tem por objetivo a promoção da qualificação social e profissional dos cidadãos, principalmente jovens com prevalência de comunidades periféricas. Uma parceria entre poder público, organizações não-governamentais e empresas será criada com intenção de estimular e incentivar a contratação imediata dos alunos que realizarem os cursos oferecidos pelo projeto”, diz. O vereador também menciona que a requalificação profissional está fortemente relacionada com a falta de investimentos na educação (principalmente no estudo técnico), na omissão de políticas públicas e incentivos governamentais e na falta de um olhar diferenciado das empresas à juventude do nosso país.
Janaína diz que ao serem recolocados os jovens devem se mostrar proativos, para que se tornem destaque em seus postos de trabalho, devem exercer suas funções de modo efetivo, serem pontuais, prestativos, além de ser preciso continuar se atualizando periodicamente.
Já dr. Sidney fala que não só os jovens, mas sim qualquer pessoa precisa e deve estudar para se manter em seu ambiente de trabalho. “Crescer profissionalmente não é uma tarefa fácil, requer muito empenho, motivação, dedicação e planejamento de carreira. Alguns fatores são fundamentais para que isso aconteça, se reciclar, aprender, se atualizar e investir em conhecimento são alguns desses fatores. Para que isso aconteça, o poder público precisa ajudar e estar atento às necessidades dessa nova juventude cibernética”, finaliza o vereador.
O Solidariedade defende a universalização da educação, o ensino de qualidade que reduza a vulnerabilidade dos jovens, desenvolvendo suas potencialidades pessoais e profissionais, além de iniciativas que ofereçam oportunidades de desenvolvimento profissional e trabalho formal para jovens que sejam engajados em trabalhos comunitários.