A profissão de nutricionista, que surgiu com a necessidade de se melhor alimentar pacientes internados em hospitais e com dificuldades na nutrição, ao longo dos anos ganhou contornos mais amplos. O nutricionista é um profissional extremamente importante para quem quer emagrecer, elevar seu desempenho em esportes, combater doenças ou quadros congênitos de alergias e intolerâncias alimentares, ou a quem quer simplesmente manter a saúde em dia por meio de uma alimentação equilibrada. O nutricionista, com uma série de consultas e exames, consegue elaborar uma rotina de alimentação equilibrada e individualizada, de forma a atender suas demandas e características.

Obstáculos para o diagnóstico

Mas os exames relacionados à nutrição solicitados por esses profissionais não são reembolsados pelos planos de saúde, e muitas vezes não são realizados por terem custo adicional, tornando as consultas e as dietas resultantes menos precisas e eficazes por causa da ausência das informações requisitadas.

E o trabalho do nutricionista nunca foi tão importante no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que a anemia atinge 20,9 % das crianças menores de cinco anos e 29,4 % das mulheres em idade fértil. Ao mesmo tempo, uma pesquisa do Ministério da Saúde de 2023 mostrou que 61,4 % dos adultos nas capitais já estão com excesso de peso. Além de comprometer a saúde do brasileiro, a má nutrição causa prejuízos ao sistema de saúde. Entre 2011 e 2019, o SUS arcou com mais de 1,2 milhão de internações por diabetes, com despesas que ultrapassam 420 milhões de dólares. Se nada mudar, projeções indicam que a obesidade sozinha consumirá 4,66 % do PIB nacional em 2060.

Por um trabalho mais completo

O líder do Solidariedade, deputado Aureo Ribeiro (RJ), apresentou o projeto de lei 4005/2025, que garante a cobertura de exames laboratoriais necessários à avaliação, prescrição e evolução nutricional de um paciente, quando solicitados por nutricionista. Essa medida vai facilitar e tornar mais preciso e completo o trabalho deste profissional, e permitir que as dietas prescritas sejam adequadas a cada pessoa.

Aureo argumenta que uma melhor nutrição melhora os níveis gerais de saúde da população, diminui o tempo de internação e as complicações. O parlamentar explica que a proposta alinha o setor suplementar à medicina preventiva preconizada pelo SUS, reduz consultas duplicadas, favorece o uso racional de recursos humanos em regiões com escassez de médicos e potencialmente evitará futuros gastos bilionários com doenças crônicas:

“A alteração proposta não amplia escopo profissional, apenas corrige um descompasso que hoje posterga diagnósticos, dificulta a personalização da dieta e onera pacientes, planos de saúde e o próprio Estado. A aprovação deste projeto é algo que não implica apenas em custos, mas inclui benefícios de saúde e econômicos de longo prazo para os pacientes e também empresas do setor.”

A proposta está pronta para análise na Câmara dos Deputados.

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Bruno Angrisano / Soldariedade na Câmara