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INSS inicia “via-crúcis” de ressarcimento a vítimas de fraudes nas aposentadorias
A partir desta terça-feira (13), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) dá início ao que promete ser um processo de ressarcimento às vítimas do escândalo das aposentadorias fraudadas. No entanto, o que deveria ser um passo em direção à justiça se apresenta, para muitos aposentados, como uma verdadeira peregrinação burocrática um labirinto de incertezas e humilhações.
Milhares de idosos, vítimas de esquemas que drenaram indevidamente seus benefícios, foram convocados a comparecer às agências do INSS com extensa documentação e prazos apertados. Sem garantias claras de devolução dos valores perdidos, eles enfrentam filas, desencontros de informações e um sistema que, ironicamente, exige deles mais paciência do que os anos de contribuição que os levaram à aposentadoria.
O governo afirma que o processo é necessário para verificar cada caso e garantir que os recursos públicos sejam corretamente destinados. No entanto, especialistas e entidades de defesa dos direitos dos aposentados denunciam o que chamam de “revitimização institucional”. Para eles, o Estado falhou ao permitir o assalto e, agora, falha novamente ao impor obstáculos para reparar o dano.
“Estamos assistindo a um teatro do absurdo. O mínimo que se espera é um ressarcimento célere e digno. O que vemos é uma excursão ao inferno da burocracia estatal”, afirma Maria das Dores Lima, presidente de uma associação de aposentados no Rio de Janeiro.
Sem prazo definido para conclusão e com etapas ainda pouco claras, o programa de ressarcimento começa envolto em desconfiança e indignação. Para os lesados, a sensação é de que, no Brasil, há males que não vêm para o bem, apenas para piorar.