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Pirâmides Financeiras 30/08/2023

Depoimentos conflitantes de funcionários da MSK marcam CPI das Pirâmides Financeiras

Depoimentos conflitantes de funcionários da MSK marcam CPI das Pirâmides Financeiras
Foto: Pedro Francisco

‌A CPI das Pirâmides Financeiras tomou os depoimentos de Saulo Roque Gonçalves e Christian Jardiel, ex-funcionários da MSK Investimentos. Eles apresentaram versões radicalmente diferentes sobre a quebra da empresa e também sobre o prejuízo causado aos clientes dela.

Bode expiatório

Foi assim que o ex-operador da MSK Investimentos, Saulo Gonçalves Roque, se colocou em seu depoimento. Saulo afirmou que os sócios da empresa deram o golpe no dinheiro dos clientes que investiram na MSK, e esconderam esse dinheiro em empresas fantasmas e criptomoedas, de forma que não fosse rastreável.

Ele se defendeu das acusações dos sócios da MSK, de que ele havia desaparecido com os recursos dos clientes da empresa. Saulo assegurou que nunca foi trader nem teve controle das carteiras de criptomoedas da MSK, e que era apenas um consultor.

O depoente ainda afirmou que o Mercado Bitcoin havia detectado que a MSK era uma pirâmide financeira e por isso baniu a empresa. E ainda disse que recebia “de 3 a 5 mil reais por mês em espécie, pois não podia ter conta no banco por causa de pendências judiciais de uma empresa anterior”, explicou.

Saulo Roque ainda denunciou que, junto com sua família, foi vítima de ameaças veladas feitas pelos donos da MSK para que ele assumisse a culpa pelo sumiço do dinheiro dos clientes.

Fechado com a MSK

Por outro lado, o ex-gerente financeiro da MSK, o contador Christian Jardiel, afirmou que a empresa foi vítima de um golpe de Saulo Roque. O contador acusou Roque de desviar os investimentos dos clientes para uma carteira de criptomoedas a que a MSK não tinha acesso. O contador foi incisivo ao declarar que Saulo Roque era o master trader da empresa, tinha controle sobre as carteiras de criptomoedas da MSK e era responsável direto pelas operações com critpoativos da empresa.

Jardiel explicou qual era o trabalho que exercia na MKS: sua tarefa era conferir os depósitos dos clientes na empresa e direcionar esse dinheiro a corretoras de criptomoedas para negociações. Jardiel também controlava o recebimento dos dividendos das negociações das criptomoedas e repassava esses pagamentos aos clientes. Mas quando indagado sobre as operações com as criptomoedas, o ex-gerente confessou não entender essas operações:

“Eu não entendo tecnicamente de criptomoedas e portanto eu ignoro como as operações de trading de criptos eram realizadas”, o que deixou os integrantes da CPI surpresos.

Quando perguntado sobre o salário de Roque, ele disse que nunca havia feito pagamento em espécie nenhum ao trader, e que Saulo Roque recebia seu salário diretamente dos donos da empresa em criptomoedas, tendo o valor atrelado ao desempenho do master trader. Ao ser indagado, Christian Jardiel afirmou que Saulo era desonesto e também que tinha certeza que a MSK não era uma pirâmide financeira.

Análise técnica será conclusiva

Como os dois depoimentos se mostraram frontalmente opostos, os parlamentares da CPI concluíram que a verdade dos fatos deve aparecer com a análise técnica dos documentos, dados e informações que cada um dos depoentes prometeu entregar à Comissão.

123milhas e Ronaldinho Gaúcho

O presidente da CPI, deputado do Solidariedade Aureo Ribeiro (RJ), disse estar surpreso com a nova ausência dos donos da 123milhas, esperados para depor na CPI. Aureo garantiu que eles serão ouvidos por bem ou por mal:

“Como eles não vieram mesmo convocados, e marcaram uma reunião de forma intempestiva no Ministério do Turismo para justificar sua ausência, serão conduzidos coercitivamente para o depoimento, como já havíamos feito anteriormente com quem não atendeu à convocação para depor.”

A próxima reunião da CPI deve ouvir o ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, que se comprometeu a comparecer voluntariamente depois de a CPI ter expedido o mandato de condução coercitiva contra ele.

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Bruno Angrisano / Solidariedade na Câmara